Foto: Reprodução / Youtube Gelo na Bagagem

Youtuber da ciência, pesquisadora da USP ensina importância do Continente Antártico

Com linguagem lúdica e divertida, Doutora Fran ajuda as pessoas a darem seus primeiros passos em ações sustentáveis e busca empoderar meninas e mulheres para as carreiras científicas

28/04/2021

Redação

Criar uma consciência ambiental sobre o Continente Antártico e ensinar a importância dos oceanos, além de ajudar as pessoas a darem seus primeiros passos em ações sustentáveis. Esse é o objetivo Instituto Gelo na Bagagem, plataforma de entretenimento antártico que tem como marca a linguagem lúdica e divertida da “Doutora Fran”, a bióloga Francyne Elias-Piera, pós-doutoranda pelo Instituto Oceanográfico (IO) da USP.

Além de oferecer cursos e palestras sobre o tema, ela disponibiliza diversos conteúdos gratuitos no Instagram e em um canal no Youtube onde aborda temas como vegetação e microrganismos da Antártida, história de expedições e mulheres pesquisadoras no continente, turismo, curiosidades e muitos outros conteúdos que atingem públicos de várias idades. Algumas produções também explicam temas atuais, como o aquecimento global, as mudanças climáticas e esclarecem como os cientistas trabalham. Nos vídeos, a qualidade da produção e a riqueza na edição, com imagens de arquivo, entrevistas e muitas ilustrações, também são atrativos que fazem da pesquisadora uma youtuber da ciência.

Apaixonada pelo tema, desde os 8 anos de idade Francyne coleciona matérias sobre a Antártida e quando entrou na faculdade de Biologia decidiu se dedicar à Biologia Marinha. No segundo ano universitário, ao assistir a uma palestra sobre as baleias, decidiu que seu sonho seria trabalhar com o continente. Depois, realizou o mestrado em Oceanografia Biológica pela USP e fez doutorado em Ciência Ambiental pela Universitat Autònoma de Barcelona. Desde 2000, ela pesquisa os invertebrados da Antártida e já participou de cinco expedições com o Brasil e a Coreia, ficando nas Estações de Pesquisa ou embarcada em navios polares. Viveu na Coreia do Sul por dois anos e foi a única latina pesquisadora do Instituto de Pesquisa Polar Coreano. Também apresentou palestras científicas na Espanha, Nova Zelândia, Estados Unidos e Malásia.

A bióloga Francyne Elias-Piera em palestra pelo Instituto Gelo na Bagagem - Foto: Reprodução / Instagram

Vídeos do Canal Gelo na Bagagem (clique no player para assistir)

Conteúdo do Instagram Gelo na Bagagem

Mulheres e meninas na ciência

Com as várias ações, Francyne incentiva desde 2010 a formação de novos pesquisadores antárticos e busca empoderar meninas e mulheres para as carreiras científicas. “Eu acredito que o primeiro passo que todos nós temos que dar para termos mais mulheres de destaque no mundo é deixar que as meninas escolham ser o que quiserem, inclusive pesquisadoras. As mulheres têm muito mais graduações que os homens, mas somente 29% delas se tornam cientistas no mundo e apenas 7% dos ganhadores do prêmio Nobel são mulheres”, afirma a bióloga. Ela explica que as poucas meninas que têm coragem de assumir sua vontade de se tornarem pesquisadoras enfrentam o mundo ao seu redor as desencorajando a estudar ciências. “Essas que superam e entram na faculdade, muitas vezes, não terminam porque são desanimadas por professores ou escutam dos amigos palavras que desmotivam e desistem”, completa.

Ela lembra que muita coisa mudou e as mulheres não precisam mais passar pelo que a pesquisadora Dawn Rodney passou na década de 50, quando o chefe de um projeto a convidou para ir à Antártida e ela teve que ser aprovada pelos colegas de expedição e suas esposas para poder participar da expedição. Segundo Francyne, grande parte das mulheres da área ainda escuta que mulheres no laboratório ou no navio perturbam a paz e tiram a concentração dos homens. “Até a década de 80, havia diretoras de institutos que proibiam mulheres de irem para a Antártida”, afirma.

Um dos vídeos fala sobre o primeiro grupo só de pesquisadoras que foi para a Antártida e pisou no polo Sul: Lois Jones, Eileen McSaveney, Kay Lindsay e Terry Tickhill Terrell - Foto: Reprodução / Gelo na Bagagem

Outro motivo pelo qual as meninas não se interessam em ser pesquisadoras é a falta de modelos e exemplos de mulheres cientistas – elas não têm em quem se espelhar e continuam achando que cientista é “aquele homem branco com cara de louco”. “Este cenário está mudando aos poucos com as redes sociais apresentando pesquisadoras”, destaca. Francyne lembra que na pandemia a maioria dos pesquisadores que tiveram destaque na descoberta do DNA do vírus, da vacina e de medicamentos foram mulheres. “As mulheres precisam se unir para mudar este cenário, praticando sororidade e ajudando mais mulheres cientistas, divulgando seus trabalhos e incentivando meninas a estudarem ciências”, finaliza.

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