.
Segundo o Ministério da Saúde, a fissura labiopalatina é uma condição congênita em que há comprometimento da fusão dos processos faciais durante a gestação, causando lesões ou fissuras aparentes na região dos lábios e do palato. Para auxiliar pais e fonoaudiólogos no estímulo da fala de crianças que apresentam essa condição e que foram operadas em idade precoce, o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP em Bauru disponibilizou um site com estratégias voltadas ao tema.
A iniciativa é fruto do Projeto Interkids, uma pesquisa desenvolvida no Laboratório de Fisiologia do HRAC, em parceria com a norte- americana Arizona State University (ASU). “O objetivo principal da pesquisa foi utilizar o método EMT/PE, sigla em inglês para Capacitação do Meio com Ênfase Fonológica, para estimular a fala de crianças em idade precoce. Mais precisamente de 1 ano e 6 meses até 3 anos de idade, utilizando estratégias incorporadas em atividades lúdicas e interações naturalísticas”, explicou Inge Elly Kiemle Trindade, coordenadora do projeto no Brasil, professora do Programa de Pós-Graduação do HRAC e do Departamento de Ciências Biológicas da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP.
.
.
Os resultados da pesquisa foram apresentados pela professora Nancy Scherer, fonoaudióloga norte-americana e pesquisadora principal do projeto, durante o 6º Simpósio Internacional de Fissuras Orofaciais e Anomalias Relacionadas, promovido pelo HRAC em outubro de 2019. Segundo os resultados apresentados, “o método utilizado foi eficaz para a melhora da fala e aumento do vocabulário de crianças com fissura de palato operada”, disse Inge.
A criação do site, segundo a professora, visa justamente a realizar a divulgação das estratégias que foram utilizadas na pesquisa, auxiliando, dessa maneira, pais e fonoaudiólogos, por meio dos textos e vídeos ilustrativos que foram disponibilizados no endereço on-line.
Além das professoras Inge e Nancy, a equipe de pesquisa do Projeto Interkids é composta das fonoaudiólogas Ana Paula Fukushiro (FOB e HRAC), diretora do projeto; Renata Paciello Yamashita (HRAC), fonoaudióloga líder da iniciativa e Débora Natália de Oliveira, fonoaudióloga intervencionista e doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação do HRAC.
A pesquisa contou apoio financeiro do National Institutes of Health (NIH) dos Estados Unidos e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP) do Hospital e da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).
Sobre a fissura labiopalatina
A fissura labiopalatina é uma condição congênita em que há comprometimento da fusão dos processos faciais durante a gestação e está relacionada a fatores genéticos e ambientais. A condição apresenta grande variabilidade clínica, podendo envolver desde uma pequena cicatriz labial até fissuras completas e bilaterais, que atingem o palato e são mais complexas. Pode ocorrer de forma isolada, estar associada a outras malformações ou ainda fazer parte de um quadro sindrômico. Uma a cada 650 crianças nascem com a condição no Brasil.
As principais implicações que as fissuras podem trazer ao indivíduo são dificuldade na alimentação, alterações na arcada dentária e na mordida, comprometimento do crescimento facial e do desenvolvimento da fala e audição. Ao longo dos anos, essa condição pode inclusive trazer impactos sociais e também o bullying.
O tratamento é um processo que envolve a atuação de equipe interdisciplinar, das áreas de cirurgia plástica, odontologia, fonoaudiologia, entre outras especialidades, todas indispensáveis à reabilitação, e engloba aspectos funcionais, estéticos e emocionais.
Com informações de Tiago Rodella da Assessoria de Imprensa do HRAC-USP