Publicação inédita reúne avanços e aplicações da arqueologia digital no Brasil

E-book gratuito do grupo Arqueologia Interativa e Simulações Eletrônicas do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP reúne especialistas de todo o País e mostra o que há de mais recente nos estudos da área

 07/04/2022 - Publicado há 2 anos
Foto: Reprodução/Livro (Des)construindo a Arqueologia Digital

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A arqueologia digital vem se desenvolvendo desde meados da década de 1960 mas é um campo de estudo recente no Brasil, que reúne pesquisadores por todo o país. Para mostrar o trabalho desses especialistas e criar um diálogo mais amplo, que envolva a sociedade, foi lançado o livro (Des)construindo a Arqueologia Digital, e-book gratuito que está disponível no Portal de Livros Abertos da USP, neste link.

A publicação foi produzida pelo grupo Arqueologia Interativa e Simulações Eletrônicas (Arise), do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP, e a organização dos textos foi realizada pelos pesquisadores Alex da Silva Martire e Vagner Carvalheiro Porto. “A arqueologia digital ainda é um tema bastante recente quando comparado com as demais áreas de estudos arqueológicos já consolidadas aqui no Brasil, então o livro tenta preencher um pouco essa lacuna, trazendo em uma publicação centrada apenas nesse tema o que vem sendo produzido de mais recente sobre arqueologia digital brasileira”, destaca Martire. Para ele, apesar do caráter científico da obra, a forma como os temas são abordados pode atingir um público mais amplo interessado no tema da arqueologia.

A obra é dividida em três partes. A primeira traz estudos relacionados à modelagem 3D, interatividade e tecnologias RTI e SIG. A segunda parte trata do tema da educação, ensino e difusão da arqueologia digital. Por último, pesquisadores falam sobre o desenvolvimento de arqueojogos. “Os temas podem auxiliar a sociedade, no sentido em que, uma vez que as interpretações dos arqueólogos contêm a contribuição do digital, elas [as interpretações] podem ser transmitidas à sociedade também de forma digital, muitas vezes, interativa”, explica Martire.

Ele dá como exemplo as simulações em realidade virtual que permitem ao público simular a entrada numa construção de um modelo baseado em interpretações dos pesquisadores. O doutorado de Martire, por exemplo, usou a modelagem 3D interativa da maior área de produção de cobre do Império Romano em Portugal: http://www.larp.mae.usp.br/rv/vipasca-antiga. Outro exemplo está nos estudos dos arqueólogos que são convertidos em produtos lúdicos, como os jogos digitais desenvolvidos pelo grupo de pesquisa Arise sobre sambaquis: http://www.arise.mae.usp.br/sambaquis.

Foto: Reprodução

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Martire explica que a arqueologia digital tem como pioneira a pesquisa do arqueólogo James Deetz, que utilizou computadores para quantificar dados de suas escavações e estabelecer tabelas e gráficos que auxiliaram na interpretação daquilo que foi escavado. “A partir daí, a arqueologia digital acabou se aproximando dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG, ou GIS, em inglês) nas décadas seguintes, permitindo que os mapas, antes elaborados manualmente, fossem todos digitais e recebessem dados quase infinitos”, diz.

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A partir dos anos 2000, a arqueologia digital avançou em dois campos principais: o primeiro com renderizações de vídeos com modelos 3D (estilos que apareciam no History Channel ou Discovery) e o segundo começou a colocar o usuário (arqueólogo ou público em geral) como ator principal nas simulações digitais, permitindo que existisse uma interação em tempo real nos ambientes tridimensionais: a isso, é dado o nome de ciberarqueologia (a relação entre realidade virtual e arqueologia).

Para saber mais sobre o tema, acesse o livro (Des)construindo Arqueologias Digitais clicando aqui.

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