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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil será até 2025 o sexto país do mundo em número de idosos. A população com mais de 60 anos no País cresceu mais de 7 milhões apenas entre os anos de 1980 e 2000. E a expectativa de vida também tem aumentado: segundo o último levantamento do IBGE, o brasileiro vive em média 75 anos, 2 meses e 12 dias.
Na USP, uma iniciativa já vem olhando com atenção para esses dados, buscando promover entre seus funcionários o chamado envelhecimento ativo, expressão que dá nome ao projeto. A equipe é formada por 20 profissionais ligados ao Hospital Universitário (HU), ao Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp), ao Instituto de Psicologia (IP), ao Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) e à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), que trabalham de modo integrado para ajudar os servidores a viver com mais qualidade.
Sob a coordenação do médico Egídio Dórea, que é também coordenador do Ambulatório de Clínica Médica do HU, formam a equipe médicos, enfermeiras, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos e economistas.
Envelhecimento ativo é um termo cunhado pela OMS que define o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas. Segundo Dórea, a palavra “ativo” refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho. “O objetivo do envelhecimento ativo é aumentar a expectativa de uma vida saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as que são frágeis, fisicamente incapacitadas e que requerem cuidados”, observa.
Para isso, o projeto conduzido pelo HU trabalha em várias frentes. Busca incentivar um relacionamento mais ativo na família e no trabalho, orientar os participantes para que mantenham uma situação financeira equilibrada, além de estimular atividades físicas e dietas balanceadas, junto à investigação de fatores de risco e controle de doenças.
O projeto Universidade Aberta à Terceira Idade da USP é parceiro da iniciativa, por meio da reserva de vagas para funcionários interessados em cursos e atividades. Dórea lembra que não é preciso ser idoso para usufruir, bastando estar vinculado ao projeto Envelhecimento Ativo. Outra parceria é com a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), que dá orientação financeira, por exemplo, sobre questões que envolvem aposentadoria.
Resultados positivos
Desde que foi implantado, há cerca de um ano, funcionários da Escola Politécnica (Poli), da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnica (FMVZ), da Prefeitura do Campus da Capital e da Guarda Universitária já conseguiram promover mudanças em suas rotinas. Entre os resultados observados estão melhor controle da pressão, perda de peso significativa, melhor controle lipídico e de colesterol, atividades físicas mais frequentes e regularização da vacinação. “Muitos funcionários afirmaram que as mudanças impactaram a vida familiar também”, lembra a enfermeira Ana Lucia Mendes Lopes.
A primeira análise do grupo, composto de 300 funcionários, mostrou que os padrões coincidiam com os da população brasileira e mundial: 70% de sedentarismo, 50% de obesidade, 8% de diabete, 30% de hipertensão e 14% de tabagismo. “Queremos mudar esses padrões entre os funcionários da Universidade”, afirma o coordenador.
Como participar?
O projeto Envelhecimento Ativo funciona a partir de um contrato assinado entre o Hospital Universitário e a unidade da USP interessada em que seus funcionários participem da proposta. “A assinatura do contrato é importante para institucionalizar o processo, pois o funcionário terá que se ausentar algumas horas do local de trabalho para realizar as atividades exigidas e cumprir metas”, explica o médico Egídio Dórea.
O funcionário que decidir participar passará por uma primeira avaliação, em que é realizado um rastreamento básico a partir de alguns exames, e também por algumas entrevistas sobre envelhecimento e qualidade de vida no trabalho e em casa. É feito um levantamento de todos os hábitos da pessoa, desde exposição solar até a qualidade do sono. É na avaliação médica que será determinado se o funcionário pode ou não praticar atividades físicas, se deve consultar um terapeuta ocupacional ou se precisa de orientação nutricional, psicológica ou financeira, por exemplo.
O participante deve permanecer no projeto durante um ano, seguindo as metas estabelecidas. Cabe à unidade ao qual é vinculado definir qual o melhor dia e horário para o funcionário realizar as atividades práticas. “Frequência mantida e meta de perda de peso alcançada, por exemplo, vai gerando pontos que resultarão em prêmio no final de um ano”, explica o médico Egídio Dórea.
Para não deixar a saúde de lado. Analista de Comunicação da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, Ivete explica que o acompanhamento da equipe incentiva a continuidade dos tratamentos e exames e funciona como uma “pressão boa” para não negligenciar a saúde em função do trabalho, das obrigações familiares, entre outras justificativas que sempre encontramos. Ela ressalta a importância do trabalho multiprofissional, que é a essência do projeto. “Em uma consulta médica convencional, não há espaço para falarmos das nossas dores emocionais. Às vezes, ter alguém para ouvir com atenção o que estamos sentindo e com competência para nos direcionar para os serviços oferecidos pelo HU faz a diferença. O acompanhamento médico associado à prática esportiva é confortante, pois traz a sensação de estar sendo ‘cuidado’ por uma equipe que realmente se importa com a gente”, relata Ivete. |
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Mais informações: email envelhecimentoativo@hu.usp.br