Professora da USP é primeira latino-americana a conquistar a Cátedra Rei Carl XVI Gustaf da Suécia

Reconhecida por suas pesquisas inovadoras em catálise, Liane Rossi lidera o programa de captura e utilização de carbono no Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa

 17/10/2024 - Publicado há 2 meses     Atualizado: 01/11/2024 às 19:20
Homem branco, idoso, de cabelo branco caminhando ao lado de uma mulher branca de cabelos longos e castanhos
Carl XVI Gustaf, rei da Suécia, e Liane Rossi, professora do IQ e pesquisadora do RCGI – Fotos: Anette Sylla/Stockholm University e Jonas Borg

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Leia este conteúdo em InglêsA professora Liane Rossi, do Instituto de Química (IQ) da USP e diretora do Programa de Captura e Utilização de Carbono (CCU) do Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), foi agraciada com a Cátedra Rei Carl XVI Gustaf em Ciências Ambientais. Este reconhecimento, concedido pela Academia Real de Ciências da Suécia, é uma das mais prestigiadas honrarias na área de sustentabilidade ambiental, e Liane Rossi é a 28ª titular da prestigiada cátedra e a primeira pesquisadora da América Latina a recebê-la.

“Ser a primeira pesquisadora da América Latina a receber esse prêmio é uma honra imensa, não apenas para mim, mas para toda a ciência brasileira”, destacou Liane. “Esta oportunidade me permitiu uma troca muito grande de experiências com pesquisadores da Suécia e, de certa forma, possibilitou que conhecessem mais sobre o Brasil.”

A Cátedra Rei Carl XVI Gustaf foi criada em 1996, em celebração ao 50º aniversário do monarca sueco, com o objetivo de promover a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico e o uso sustentável dos recursos naturais. Financiada pelo Fundo de 50 anos do Rei Carl XVI Gustaf para Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, a cátedra é concedida a um ou dois cientistas por ano, selecionados por suas contribuições significativas para as ciências ambientais. Os pesquisadores premiados são convidados a colaborar por até um ano com universidades suecas de renome, fomentando a cooperação internacional em ciência ambiental.

Liane Rossi foi indicada pela Universidade de Estocolmo, onde está desenvolvendo pesquisas no Departamento de Química Orgânica em parceria com a professora Belén Martín-Matute. No Brasil, ela lidera projetos de pesquisa que têm como objetivo converter CO2 em combustíveis e produtos químicos, como metanol, hidrocarbonetos e álcoois superiores, dentro do programa CCU do RCGI financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pela Shell Brasil.

As pesquisas no RCGI focam em um dos maiores desafios dos processos de mitigação de emissões: a conversão do CO2 capturado por meio da sua hidrogenação, um processo catalítico que transforma esse gás em produtos, como o metanol verde, considerado uma alternativa de baixo carbono aos combustíveis fósseis. Para que a produção de metanol a partir de CO2 seja eficiente, a escolha do catalisador e o ajuste preciso das condições de reação, como temperatura e pressão, são fatores determinantes. O programa liderado por Liane Rossi no RCGI tem avançado na otimização desse processo, com o objetivo de aumentar a produtividade e a sustentabilidade na conversão catalítica de CO2.

Liane Rossi iniciou sua estada na Suécia em 2023, quando passou três meses no país. Em 2024, ela retornou em junho e, posteriormente, em setembro, permanecendo até o início de outubro. Durante esse período, ela visitou e proferiu seminários em universidade suecas e participou de importantes eventos científicos, como as celebrações da semana do Prêmio Nobel. Em junho de 2024, foi recebida pelo rei Carl XVI Gustaf no Palácio Real de Estocolmo para proferir a palestra Brazil’s CO2 Challenge: Pathways to a Low-Carbon Economy.

Em um segundo encontro com o monarca, ocorrido em 30 de setembro, durante um simpósio realizado na Universidade de Estocolmo em homenagem à sua carreira, Liane Rossi proferiu a palestra Catalytic Routes for CO2 Conversion into Value-Added Chemicals and Fuels. Ao final, presenteou o rei com uma coleção de obras de autores brasileiros traduzidas para o sueco, incluindo livros de Machado de Assis e Chico Buarque.

Membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e com uma sólida trajetória acadêmica, a professora Liane tem planos de fortalecer ainda mais a colaboração entre Brasil e Suécia. Entre suas iniciativas futuras está a organização de um simpósio no Brasil, que reunirá pesquisadores suecos e brasileiros para discutir temas centrais de suas pesquisas. “Pretendo organizar esse evento no Brasil para continuar fomentando a cooperação científica; muitos pesquisadores suecos já demonstraram interesse em participar”, revelou.

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Texto: Assessoria de Imprensa do RCGI


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