Pesquisadora da USP reúne orientações práticas para o consumo adequado de sal

Nutricionista do Centro de Pesquisas em Alimentos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP elaborou tabela que orienta o uso de um sachê de sal em relação às preparações mais consumidas pelos brasileiros

 02/02/2023 - Publicado há 1 ano

Tabela orienta consumo de sal por sachê, que ajuda a controlar a quantidade de sal - Foto: Freepik

Diante da dificuldade das pessoas de estimar a quantidade adequada de sal para as diferentes refeições do dia, mesmo com a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de ingestão de menos de cinco gramas por dia, uma pesquisadora do Centro de Pesquisas em Alimentos, também chamado Food Research Center (FoRC), da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, resolveu disponibilizar orientações práticas e mais fáceis de entender para o consumo desse ingrediente.

A nutricionista Kristy Soraya Coelho fez as sugestões com base nos dados da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA) do FoRC, que traz os nutrientes e os valores energéticos de milhares de alimentos e receitas; e nos dados dos alimentos mais consumidos pela população brasileira, indicados nas Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017 e 2018. Também foi utilizada como referência uma orientação de 2014 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para restaurantes, que faz uma estimativa da quantidade de sal para cada alimento.

A conclusão é que o uso de sal com moderação seria o equivalente a um sachê para cada uma das preparações indicadas na tabela abaixo. Seguindo esse esquema, ao fazer uma refeição com arroz, feijão, carne, farofa e vegetais, por exemplo, a pessoa estaria consumindo uma quantidade de sal ainda dentro do limite diário recomendado. Confira as orientações para a hora de preparar os alimentos.

Sugestões para o consumo adequado de sal na preparação de alimentos

Use um sachê de sal para:

icone_arroz

Arroz

200 a 250 gramas (uma xícara de chá)

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Batata

210 gramas (três unidades pequenas)

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Ovos

100 gramas (duas unidades)

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Sopas e cremes

260 gramas (duas conchas grandes cheias)

icone_frango

Carnes, pescados, suínos e aves

150 a 200 gramas

um pedaço médio ou grande seja ele grelhados, cozido ou assado

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Carnes em geral com molho

160 gramas de carne

um pedaço médio

40 gramas de molho

duas colheres rasas de sopa

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Leguminosas

feijão, grão-de-bico, soja, entre outros – 150 a 200 gramas

duas conchas grandes de grão e caldo

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Vegetais com molho

200 gramas

um prato fundo ou duas colheres de servir cheias

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Vegetais refogados

200 gramas (duas colheres de servir cheias)

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Massas

um prato fundo com molho

observação: cuidado ao adicionar ingredientes que já possuem sal na sua preparação, como bacon e conservas – azeitona, aliche, alcaparras, entre outros

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Farofa

200 gramas

duas colheres de servir cheias

Observação: cuidado ao adicionar ingredientes que já possuem sal na sua preparação como bacon e conservas – azeitona, aliche, alcaparras, entre outras

Quantidade máxima recomendada por dia: 5 sachês

Fonte: Centro de Pesquisas em Alimentos - Food Research Center (FoRC) - Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP

Para a pesquisadora, as orientações se justificam porque as pessoas acabam excedendo o consumo de sal, tanto em alimentos consumidos, quanto na quantidade adicionada de sal, ultrapassando a quantidade prevista de até cinco sachês de sal por dia. “Fizemos essas sugestões de quantidades de sal adicionadas aos alimentos porque não há uma publicação que traga um consenso sobre o tema, ficando difícil para a população entender como utilizar isso no seu cotidiano”, complementa a nutricionista.

O brasileiro ingere, em média, 9,3 gramas de sal por dia, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), publicada pelo IBGE em 2019. Ou 12 gramas, de acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), de 2017-2018, também do IBGE. O consumo de sal em excesso aumenta o risco de hipertensão e outros problemas associados, como infarto, acidente vascular e doença renal. 

Segundo a nutricionista, o consumo de sódio elevado está mais relacionado com a adição de sal do que com o consumo de alimentos industrializados. “A maioria dos brasileiros acha que o grande vilão é o salgadinho ou o congelado que você esquenta no micro-ondas. No entanto, o excesso está no preparo e na adição de sal após a comida estar pronta, à mesa”, detalha.

Então, o correto é adicionar sal somente durante o preparo dos alimentos e sempre fazer isso por último. Isso diminui as chances de salgar a comida além do recomendado. Evite ao máximo salpicar a comida pronta no prato. Isso porque os cristais do sal precisam de um tempo para se dissolverem. E é só quando eles se dissolvem que o gosto salgado é sentido. “O que ocorre é que a pessoas colocam sal, provam, acham que ainda não está salgado o suficiente, e jogam mais sal sobre a comida. No final, acabam ingerindo muito mais sódio, seja pelo sal dissolvido, seja pelos cristais não dissolvidos”, explica.

Confira mais orientações sobre alimentação no site do FoRC https://alimentossemmitos.com.br

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Texto adaptado de Acadêmica Agência de Comunicação


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