Olimpíada Brasileira de Robótica reúne 149 robôs na USP em São Carlos

Foram 149 equipes compostas de alunos do ensino fundamental e médio, 12 delas conquistaram medalhas

 15/06/2016 - Publicado há 8 anos

No último fim de semana, ocorreu a etapa regional da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), no ginásio de esportes da USP, em São Carlos. Este ano, em todo o Brasil, 2.968 equipes se inscreveram na modalidade prática da OBR, sendo que 640 delas são do Estado de São Paulo. No ano passado, participaram da competição 2,5 mil equipes em todo o Brasil, sendo 547 delas de São Paulo. Com o aumento no número de competidores, mais cidades passaram a realizar etapas regionais da competição, tais como Campinas e São José do Rio Preto, totalizando nove cidades-sede.

Ao entrar na pista de competição, robôs precisam estar prontos para enfrentar vários desafios | Foto: Denise Casatti
Ao entrar na pista de competição, robôs precisam estar prontos para enfrentar vários desafios – Foto: Denise Casatti/ICMC

Em São Carlos, das 184 equipes inscritas para participar da etapa regional, 149 compareceram ao evento e 12 conquistaram medalhas (ouro, prata e bronze) nos dois níveis que compõem a OBR: o nível 1, voltado a alunos do ensino fundamental, e o nível 2, destinado a quem está no ensino médio e técnico (confira o nome dos vencedores no final desta reportagem).

“A competição ficou mais difícil este ano,  de nível internacional, tal como nos demais países que participam da Robocup. Mas as equipes estão correndo atrás e conseguindo fazer pontuações altas”, ressalta Rafael Aroca, professor do Departamento de Engenharia Mecânica (DEMec) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e vice-coordenador nacional da OBR.

O professor explica que a principal novidade da competição regional foi a inserção de marcadores no trajeto dos robôs. A mudança foi realizada para alinhar a OBR com a regra internacional da Robocup. Os marcadores são discos da cor laranja colocados pelos competidores em dois locais na pista da competição e, conforme os robôs passam por eles, ganham pontos. Caso ocorra algum erro e eles precisem recomeçar o trajeto, é preciso voltar ao local onde está o último marcador. “Isso obriga as equipes a desenvolverem diferentes estratégias, conforme o local em que o marcador é inserido”, completa Aroca.

Esforço em equipe

Cada um desses 149 robôs carrega o sonho de uma equipe. Em seus fios e circuitos estão as digitais dos estudantes que passaram meses ali mexendo para que tudo o que programaram e vislumbraram pudesse ser concretizado no momento em que ele surgisse na pista.

Luciana Aued saiu de Vinhedo para acompanhar o filho, Pedro Aued, de 11 anos, na sua primeira participação na OBR. “É muito gratificante ver que ele se esforçou e, por mérito, vai passando pelas etapas”, conta a mãe, que levou toda a família para assistir ao evento. Desde o ano passado, quando Pedro estava no sexto ano do ensino fundamental no Colégio Etapa, em Valinhos, e começou a participar das aulas de robótica, ela notou mudanças. De acordo com a mãe, ele está menos introspectivo e se integrou melhor com os colegas da turma. O raciocínio lógico deu um salto: está se saindo muito melhor nas aulas de matemática e física.

No final da tarde, quase às 18 horas, Luciana ainda tinha energia para pular e comemorar quando viu o nome da equipe do filho no telão: SuperBot. Entre as 42 equipes que competiram no nível 1 neste dia 12, a SuperBot conquistou a oitava colocação e garantiu uma vaga para participar da etapa estadual da OBR, que acontecerá em São Bernardo do Campo, dia 13 de agosto, nas dependências do Centro Universitário da FEI.

“Não é nenhum sacrifício. A gente curte muito, é um ambiente muito saudável e vale muito a pena”, revela Cristiana Israel, que já é veterana na OBR. É a segunda vez que ela acompanha o filho, Rafael Simões, no evento. No ano passado, ele chegou a competir na final nacional, em Uberlândia.

Rafael sempre foi um garoto muito curioso, mas desde que começou a trabalhar com os robôs, há um ano e cinco meses, seu foco está na inovação. “Em tudo o que vai fazer, mesmo um trabalho simples do Colégio Etapa, onde estuda, ele tenta levantar muita informação e encontrar uma forma diferente de fazer aquilo”, conta o pai, Marcus Israel. Nas mãos do garoto, garrafas pet ganham motores e se transformam em carrinhos. O tempo das últimas férias foi dedicado à construção de um carro anfíbio. O resultado não poderia ser diferente: sua equipe, BatBots, conquistou a quarta colocação entre quem competiu no nível 1 no dia 12 e também garantiu uma vaga na etapa estadual.

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Foram 149 equipes participando da olimpíada – Foto Denise Casatti/ICMC

“O plano é passar as férias inteiras programando e mexendo no hardware do robô”, conta Vinicius Gouveia, 12 anos, entusiasmado com a medalha de prata da OBR que acabou de ganhar. Ele está no oitavo ano do ensino fundamental na Escola Estadual de Ensino Integral Professor Sebastião de Oliveira Rocha, de São Carlos, e, com seu colega de equipe, Caio Mendonça, 11 anos, que está no sétimo ano, conquistou o segundo lugar entre as 37 equipes do nível 1 que participaram da competição no dia 11 de junho. “Foi uma surpresa superarmos tantas escolas particulares que têm recursos”, conta o diretor da escola, Geandro de Oliveira.

Os dois alunos fazem parte do clube de robótica criado este ano por iniciativa dos próprios estudantes. Com um kit emprestado pela empresa Pete, a colaboração dos professores Gustavo de Souza, de Física, e Marcelo Prado, de Matemática, e a ajuda do pai de Caio, que trabalha na Pete, o clube superou as expectativas. “Nós apoiamos a iniciativa, fornecendo uma sala e os notebooks. Com esse apoio, eles se sentiram mais responsáveis e motivados. Surgiu um protagonismo juvenil que, antes, eles não tinham”, constata Oliveira.

“Tenho certeza de que quem participa dessa Olimpíada, tem um grande ganho de aprendizado. Não sai daqui da mesma forma como entrou, há um amadurecimento e isso é de grande valor. É algo que, com certeza, vai impactar nas carreiras que esses estudantes vão seguir no futuro”, destaca a coordenadora da etapa regional da OBR em São Carlos, Roseli Romero, professora do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP.

A etapa regional da OBR em São Carlos contou com o apoio do ICMC, da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, da prefeitura municipal da cidade, do Centro de Robótica de São Carlos, do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria, da escola Yadaa e das empresas Pete e Ca And Ma. “Ano que vem tem mais!”, finalizou a professora Roseli, lembrando que a competição é anual e que a participação na OBR é gratuita.

Da Assessoria de Comunicação do ICMC


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