Foto: Divulgação/Club Paulistano

Na luta pelo ouro, atletas de judô terão consultoria de cientistas da USP

Acordo entre Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto da USP e Club Athletico Paulistano prevê análises biomecânica, metabólica e psíquica em judocas

11/05/2021

David Ferrari

Quebra de recordes, atletas com melhor desempenho e maior paridade entre os competidores. A união entre ciência e esporte tem possibilitado a evolução de diversas modalidades, como atletismo, futebol e artes marciais. O Club Athletico Paulistano, na capital paulista, está em vias firmar convênio com a Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP para que pesquisadores e estudantes possam contribuir na preparação de seus atletas profissionais através de análises e estudos biomecânicos, metabólicos e psicológicos.

O acordo é semelhante a uma consultoria técnica periódica. Os atletas da equipe vão a Ribeirão Preto e passam por bateria de testes, como a análise da composição corporal, força muscular, metabolismo energético e condição psicológica. Os resultados são enviados à comissão técnica juntamente com sugestões de treinos específicos individualizados.

“Com essa parceria será possível o estabelecimento de uma atmosfera saudável e duradoura de retroalimentação, ou seja, os problemas práticos poderão ser investigados e solucionados com a utilização do método científico”, afirma Cristiano Barreira, professor e diretor da EEFERP.

Cristiano Roque Antunes Barreira. Foto: -

Cristiano Barreira, professor e diretor da EEFERP - Foto: Gabriel Soares/SCS RP

Escola de Educação Física de Ribeirão Preto também possui projeto de ensino de judô para a comunidade externa à Universidade - Foto: Divulgação / SCS RP

Inspiração internacional

Apesar de não serem tão comuns no Brasil, parcerias entre institutos de pesquisa e equipes esportivas são tradicionais em diversos países. Segundo o diretor, uma das inspirações para o acordo é a relação de sucesso entre a Universidade de Copenhague e a Federação de Esportes de Inverno da Dinamarca. 

“Todo o processo de preparação dos atletas da seleção dinamarquesa de esportes de inverno é monitorado pelos pesquisadores da universidade, que fornecem subsídios para o direcionamento do treinamento e compreensão dos resultados obtidos”, lembra.

De acordo com Barreira, o conhecimento desenvolvido pelo convênio pode contribuir com a evolução de toda a modalidade do judô. “Haverá a possibilidade de produção de conhecimento acerca dos elementos determinantes para o desempenho e sucesso esportivo dos atletas, o que se reverte em disseminação do conhecimento por meio de produção científica e formação de mão de obra especializada para atuação no ensino superior e no âmbito esportivo.”

O Paulistano conta com diversos atletas nas seleções de base do Brasil e outros em transição para a equipe principal. Douglas Vieira prevê que muitos integrem a Seleção Brasileira de Judô em 2024.

Um dos idealizadores do convênio, o professor Tito Bonagamba, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, afirma que a expectativa é colaborar com o desenvolvimento do esporte no país. “Esperamos poder contribuir, mesmo que minimamente, para uma parte da bonita história olímpica do judô brasileiro”, enfatiza.

Foto: Tito

Tito Bonagamba, docente do IFSC, colaborou na formulação da parceria. Foto: Reprodução/IFSC

A equipe multidisciplinar contará com a supervisão dos professores Cristiano Barreira, responsável pelas temáticas que envolvem a psicologia do esporte, Marcelo Papoti e Enrico Puggina, especialistas em fisiologia do exercício e treinamento, e Renato Marques, que atua com a pedagogia e sociologia das modalidades esportivas.

Douglas Vieira recebendo a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de
Los Angeles, em 1984 - Foto: Reprodução / Youtube

Da USP para o pódio olímpico

Ingressante na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) em 1981, Douglas Vieira foi campeão paulista e brasileiro de judô. Três anos depois, o jovem de 24 anos foi convocado para disputar os Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984. Até então, o Brasil tinha apenas um medalhista olímpico, Chiaki Ishii, que havia conquistado o bronze em Munique, 1972.

Após vencer quatro lutas, Douglas alcançou um feito inédito: se tornou o primeiro finalista olímpico do judô brasileiro. Em sua final, foi derrotado pelo sul-coreano Ha Hyeong-Ju e ficou com a medalha de prata.

Atualmente, o judô é o esporte individual que mais deu medalhas olímpicas para o Brasil. De acordo com a Confederação Brasileira de Judô, são 22, sendo 4 ouros, três pratas e 15 bronzes.