Maioria de médicos formados na USP, em São Paulo, é homem e mora na capital

Primeira parte de estudo traça perfil de alunos egressos da FMUSP entre 2000 e 2016

 10/09/2019 - Publicado há 5 anos
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Prédio central da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

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Cirurgiões-gerais, em sua maioria homens e residentes na cidade de São Paulo. Essa é a resposta quando se pergunta quem são e onde estão os médicos formados pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), em São Paulo.

As informações constam na primeira etapa do Estudo Longitudinal de Médicos Formados na FMUSP (ELMU), pesquisa que levantou dados entre 2000 e 2016 sobre os profissionais formados pela mais antiga escola de medicina da Universidade. Além de São Paulo, a USP oferece o curso nos campi de Ribeirão Preto e Bauru.

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Trata-se de um desdobramento do estudo Demografia Médica no Brasil, levantamento nacional sobre os números e a distribuição de médicos no País, coordenado há mais de 10 anos pelo professor Mario Scheffer, da FMUSP. 

Nesta primeira fase, foram avaliados dados de 7.580 egressos, comparados com outros 407.251 médicos formados em outras instituições de ensino no País. Foram considerados médicos com registro ativo em um Conselho Regional de Medicina, o CRM, além de registros internos da faculdade e fontes externas.

O ELMU investiga o perfil dos formados e sua inserção no mercado de trabalho e é desenvolvido em projetos de iniciação científica, com a coordenação de Scheffer e da professora Alicia Matijasevich. “Além de promover a iniciação para graduandos, é um importante meio para aprimoramento interno do ensino”, explica o professor. 

A segunda etapa será um estudo exploratório sobre o mercado de trabalho: como é a inserção no sistema de saúde público ou privado, e em que empresas trabalham esses médicos. 

Quem são e onde estão os médicos da USP

A maioria dos formados avaliados no estudo é da região Sudeste e do Estado de São Paulo. Mais de quatro mil já eram residentes da capital quando ingressaram na USP e a maior parte continua no mesmo Estado após a graduação. 

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Perfil dos médicos formados na FMUSP entre 2000 e 2016

Onde nasceram os egressos

Estado de São Paulo

90,5%

Cidade de São Paulo

62,2%

Onde eles estão hoje

Estado de São Paulo

94,1%

Cidade de São Paulo

78,3%

Base de dados da pesquisa

FMUSP

Brasil

7.580

407.251

Mulheres na medicina

FMUSP

35,4%

Brasil

45,8%

Especialidades mais frequentes escolhidas por egressos Brasil

11,30%

clínica médica

10,30%

pediatria

8,9%

cirurgia geral

8%

ginecologia e obstetrícia

6,10%

anestesiologia

Especialidades mais frequentes escolhidas por egressos FMUSP

10,7%

cirurgia geral

7,9%

clínica médica

7,6%

pediatria

5,8%

ginecologia e obstetrícia

5,6%

ortopedia e traumatologia


Proporcionalmente, os médicos da FMUSP se especializam mais do que a média brasileira. Só 20% deles não fez residência ou não tem título de especialista conferido por alguma entidade médica, por exemplo, a Sociedade Brasileira de Pediatria. No resto do País, esse número é de 37,8%.

“É provável que o grande número de residências oferecidas no Hospital das Clínicas da FMUSP tenha influência nesse número”, explica o professor Mario Scheffer.  .

Em relação às especialidades, a FMUSP não se diferencia muito da escolha dos médicos formados em outras instituições brasileiras. As três opções mais frequentes para todos os formados são clínica médica, pediatria e cirurgia geral.  

Entre as diferenças de gênero, um dado chama a atenção. Na FMUSP, o número de mulheres formadas e registradas nos conselhos regionais de medicina é proporcionalmente menor do que no resto do País.

Entre 2000 e 2016, a porcentagem de mulheres atuando na carreira passou de 44,3% para 55% no Brasil. Na USP, esse número pulou de 32,2% para 44,1% no mesmo período.

Mas a quem interessam esses dados? Para o coordenador da iniciativa, além dos artigos para a comunidade científica, o estudo também tem relevância para toda a sociedade: são informações sobre as contribuições da USP em dados computados e organizados. “É preciso acompanhar o retorno do investimento no ensino”, diz o médico. Dentro da FMUSP, estes dados podem abrir debates sobre a formação dos médicos.

Durante evento de apresentação dos dados preliminares da pesquisa realizado em junho, Scheffer ressaltou a importância de entender a distribuição dos médicos no País. “Todos queremos saber a destinação e a trajetória dos nossos egressos, e também o perfil desta força de trabalho na saúde.

Em 2020, o Brasil terá 500 mil médicos formados e cerca de 340 cursos de medicina. Serão 34 mil novos médicos formados por ano. Precisamos pensar nas consequências deste novo cenário”, declarou o professor ao site da FMUSP. 

A pesquisa, porém, ainda não relaciona médicos formados pela grade curricular mais recente adotada pela FMUSP, modificada em 2015, e também não inclui alunos que entraram na Universidade pelas novas modalidades de ingresso – a reserva de vagas do Sisu e da Fuvest.


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