Jovens cientistas de todo o país mostram inovação e criatividade em feira virtual da USP

Febrace 2021 apresenta até 26 de março mais de 300 projetos de iniciação científica de estudantes de ensino básico e técnico; é possível ver todos os trabalhos na plataforma virtual do evento

15/03/2021

Redação

Visitante pode conhecer a plataforma virtual como se estivesse no evento presencial - Foto: Reprodução/Febrace Virtual

Maior feira de ciências e engenharia do País, a Febrace 2021 começou nesta segunda-feira com eventos e uma mostra virtual dos projetos finalistas. É possível conferir na Plataforma Febrace Virtual, até o dia 26 de março, os trabalhos selecionados que envolveram 716 estudantes de 295 escolas do ensino fundamental, médio e técnico de vários Estados, com a participação de 482 professores, que atuaram como orientadores dos projetos.

A plataforma simula um evento presencial onde o visitante chega a um hall principal de entrada com estandes dos patrocinadores do evento. Ao clicar num dos estandes, é possível ter acesso a informações e concorrer a prêmios participando de questionários on-line. Também há na entrada um telão principal onde é possível acompanhar a abertura do evento e conferir as mensagens dos organizadores e gestores da Universidade.

Depois, o visitante pode escolher entre duas entradas: uma é do auditório, que apresenta atividades, lives e palestras em vários horários durante todo o evento – a programação completa fica disponível no púlpito central. A outra porta leva à mostra de projetos, dividida por área do conhecimento: Ciências Exatas e da Terra, Agrárias, Saúde, Engenharias, Humanas, Biológicas e Sociais Aplicadas.

Cada projeto possui uma página com resumo, dados dos autores, professor orientador e instituição, além de um vídeo de apresentação. Abaixo, é possível apertar o botão “curtir” para votar nos projetos preferidos que receberão o Prêmio Votação Popular. Também constam da programação as bancas de avaliação dos trabalhos. Os projetos escolhidos participam da cerimônia de premiação com transmissão pelo Canal do Youtube da Febrace no dia 27de março, a partir das 15h.

Confira abaixo alguns projetos que estão em exposição na Febrace Virtual e visite a plataforma do evento neste link

Projetos em destaque na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia

15 a 26 de março de 2021

CLIQUE AQUI E VISITE A MOSTRA VIRTUAL FEBRACE 2021

Drones ‘semeadores’

Olhando no Google Maps, três estudantes do ensino técnico da cidade de Fernandópolis (SP) notaram que a cidade estava perdendo áreas verdes. Eles tiveram a ideia de criar o projeto de um drone capaz de semear áreas inóspitas. O resultado foi uma aeronave autônoma, com um reservatório para sementes acoplado. A “inteligência” do sistema, assim como o projeto do reservatório e outros componentes, foi toda desenvolvida pelos estudantes, que pesquisaram ainda quais seriam as sementes mais promissoras para esse tipo de plantio. A primeira semeadura aérea foi feita em uma área anexa ao estádio esportivo Beira Rio da cidade. Os resultados dessa ação ainda serão avaliados, mas, em testes de laboratório, as sementes brotaram, mesmo com pouca água.

Microplásticos longe da água

Estudos mostram que a água tratada que consumimos já contém microplásticos – partículas com menos de 5 milímetros que podem carregar metais pesados, nocivos ao ser humano e animais. Ao consumir água com esses microplásticos, uma pessoa chega a ingerir cerca de 120 mil partículas por ano. O estudante Gabriel Fernandes Mello Ferreira, do Colégio São José, de Itajaí (SC), criou um sistema de filtragem que se mostrou 100% eficiente para retê-los. Tão eficiente que poderá ser adotado por uma estação de tratamento de água, responsável por 70% do abastecimento de Itajaí e Navegantes. “O sistema – cujo custo é de apenas R$ 450,00 – pode ser inserido no processo de tratamento sem necessidades de obras ou fonte de energia”, conta o estudante, que tem apenas 16 anos.

Ração de baixo custo

Vendo a população de cães abandonados crescer na cidade, as estudantes Emily Thâmara Pereira da Conceição e Íris Aparecida da Costa Silva, do Colégio Estadual de Casa Nova (BA), decidiram criar uma ração canina, barata e nutritiva, para ajudar a diminuir os gastos com alimentação das organizações que cuidam desses animais. Feita de arroz, aveia, cenoura e beterraba, a formulação usa pedaços de peixe como proteína, fruto do descarte de resíduos da indústria local. Sem conservantes, a ração dura sete dias fora da geladeira. Tem a mesma aparência que a convencional e teve boa aceitação dos cães.

Fralda seca

Pessoas enfermas e acamadas, que usam fraldas, não raro têm assaduras e dermatites causadas pelo contato prolongado da urina com a pele. Uma forma de resolver esse problema é fazer a fralda ‘avisar’ que está na hora da troca. Foi o que fizeram três estudantes da Escola Sesi, da cidade de Sertãozinho (SP). Eles criaram um dispositivo com esta finalidade. Movido a bateria, seu sensor, uma vez inserido dentro da fralda, aciona um apito de alerta. A invenção, cujo custo está em torno de R$ 150,00, teve sua eficácia comprovada em testes com pacientes de uma instituição. “Pretendemos acoplar ao sistema um painel onde ficariam informações sobre os horários das trocas de fraldas, de forma a ajudar ainda mais o trabalho da enfermagem”, explica a estudante Isabelle Aparecida Andrade. A equipe do projeto é composta também por Ana Luiza Oliveira Melo e João Pedro Borges Martins.

Robô limpa praia

O lixo que é jogado nas praias brasileiras geralmente é retirado por tratores, mas sempre sobram pequenos objetos na areia, como tampas de garrafas e bitucas de cigarro. Um pequeno robô, prototipado por estudantes do Colégio Técnico de Campinas (SP), tem potencial para resolver esse problema. Movido de forma autônoma, o robô possui dois motores, microprocessador, sensor e um “rastelo”para separar o lixo da areia. “A ideia é que o robô faça toda a operação sozinho, incluindo o descarte do lixo”, explica o estudante Felipe Barbetti de Grabalos, que fez o trabalho ao lado dos colegas Fernando de Araujo Sacerdote e Nathan Tiago Pagliatto de Liz. “Obviamente que para se tornar um produto são necessários conhecimentos de nível superior; o que fizemos foi uma provocação, mostrando que existem soluções.”

Psicologia nas "cartas"

Relacionamentos abusivos são mais comuns entre adolescentes do que se imagina. E de tanto ver isso acontecer, dois estudantes da Escola Estadual Maria Joaquina de Arruda, da cidade de Leme (SP), Alan Wellington Rodrigues e Aralys Gallo Ferreira da Silva, encontraram uma forma eficaz de conscientizar os colegas para o problema. Eles desenvolveram um jogo de 39 cartas, no qual cada carta traz uma frase típica e indicadora, mostrando se o relacionamento é ou não abusivo. Para cada carta sorteada, os participantes devem dizer a qual tipo de relacionamento ela corresponde. Ao final do jogo, duas cartas principais são apresentadas, cada uma descrevendo as diferenças entre ambos. A ideia é patentear o produto e transformá-lo num jogo on-line, de forma que as escolas possam usá-lo para trabalhar esse problema com seus alunos.

Ovos vida longa

Ovo fora da geladeira dura, no máximo, 15 dias. Fora disso, geralmente está impróprio para o consumo. O que fazer então para prolongar a vida de prateleira do produto? A solução partiu de três alunas da Escola Estadual Dário Gomes de Lima, da cidade de Flores (PE). As estudantes Jéssica Silva, Jamily Ferreira dos Santos e Maria Isabel Araújo da Silva desenvolveram um produto líquido que, ao ser borrifado no ovo, diminui a perda de massa do ovo e a troca gasosa com o ambiente. Isso diminui as chances de proliferação de micro-organismos e, consequentemente, possibilita que o alimento dure mais. No caso, 28 dias em temperatura ambiente. Feito de amido reaproveitado do arroz-vermelho (muito comum na região), glicerina e ácido acético, o produto se mostrou eficaz em sua proposta nos testes de laboratório. E já tem nome: Revesteggs.

Produtos de limpeza eco

Produtos de limpeza sustentáveis têm aos montes no mercado. Mas e produtos do gênero feitos artesanalmente, de forma segura e barata? Com essa proposta, três alunas da Escola Estadual Prof. Arthur Ramos, da cidade de Pilar (AL), desenvolveram uma linha de produtos cujo diferencial é conter extrato da folha de bananeira – rica em alantoína, uma substância com poder cicatrizante. Presente nas formulações do sabão em barra e em pó, da água sanitária, do amaciante e do detergente da linha, a alantoína torna os produtos da linha menos agressivos à pele. Isso foi comprovado em testes de pH nos produtos. “Ao inserir o extrato da folha de bananeira, também queríamos dar uma destinação adequada aos resíduos do plantio da banana”, destaca Thawane Silva Santos, uma das estudantes do grupo. Segundo ela, a produção de toda a linha é bem simples e barata; pode ser feita por quem precise de uma fonte extra de renda.

Audiodicionário indígena

O que alguns alunos do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul fazem é exemplar. Desde 2017, eles trabalham para evitar a extinção de duas línguas indígenas que são predominantes na região de Dourados. Trata-se do projeto Guaruak, mistura dos nomes guarani e aruak, que consiste em gravar em áudio termos dessas duas línguas e disponibilizá-los on-line, por site e aplicativo. O Guaruak já possui mil termos gravados – 600 deles obtidos durante a pandemia.  Geralmente, os áudios são captados por alunos indígenas, em suas aldeias. As turmas de estudantes que tocam o projeto se revezam anualmente. Assim, garantem a continuidade do projeto e a preservação deste patrimônio cultural. Mais informações: https://www.guaruak.com.br/

Ecodraga

A poluição da Baía Guanabara não é novidade para os cariocas. O “novo” diante dessa situação crônica é que a proposta de uma solução para o problema partiu de três estudantes do ensino técnico da Escola Firjan Senai Sesi São Gonçalo, do Rio de Janeiro (RJ). Com o auxílio de engenheiros, eles desenvolveram um projeto de embarcação, movida a energia solar, para recolher o lixo flutuante do mar. Com autonomia para sete horas de navegação, a embarcação é pequena (14 x 7 metros), possui reservatório para o lixo e esteira na parte frontal, capaz de recolher e armazenar mais de 300 garrafas pets grandes. “Com várias ecodragas em funcionamento, seria possível minimizar o impacto ambiental do descarte de lixo na baía”, acredita Keller. Os estudantes já fizeram o protótipo da embarcação; agora estão atrás de empresas para tirá-lo do papel.

Copo antiassédio

O caso Mariana Ferrer – a jovem estuprada numa boate após ser dopada – foi o que motivou as estudantes Laura Silva da Fonseca e Laura Silva Larrossa, da Escola Sesi de Ensino Médio Arthur Aluízio Daudt, de Sapucaia do Sul (RS), a projetarem um copo que alerta a usuária quando a bebida é adulterada. O projeto prevê uma placa microcontroladora, um sensor de pH na lateral do copo e um motor de vibração em sua base. Caso alguém coloque alguma substância diferente na bebida, o sensor detecta a variação de pH, e o motor de vibração é acionado. As estudantes, que por causa da pandemia não conseguiram prototipar a invenção, já fizeram testes em laboratório comprovando a eficácia da ideia.

Sobre a Febrace

Promovida anualmente pela Escola Politécnica da USP e realizada pelo Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico- LSI-TEC, a Febrace é a maior feira brasileira pré-universitária de Ciências e Engenharia em abrangência e visibilidade. Seu objetivo é estimular a cultura científica, a inovação e o empreendedorismo na educação básica e técnica, despertando novas vocações nessas áreas e induzindo práticas pedagógicas inovadoras nas escolas. Esta edição tem o patrocínio da Samsung, Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil, Petrobras, e apoio institucional do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).