Jornal universitário “O Politécnico” comemora 80 anos com exposição no Memorial da América Latina

Jornal universitário do Grêmio Politécnico da USP, entidade que representa os mais de 60 mil alunos da Escola Politécnica, exibe seu acervo histórico a partir do dia 18 de setembro

 09/09/2024 - Publicado há 2 meses
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Jornal O Politécnico criado pelo Grêmio Politécnico – Foto: Divulgação/Jornal O Politécnico

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Considerado um dos jornais universitários mais antigos do Brasil pertencentes a uma entidade estudantil, O Politécnico está completando 80 anos e comemora a data com exposição, de 18 a 30 de setembro, na Biblioteca Latino-Americana Victor Civita do Memorial da América Latina. O jornal é produzido pelo Grêmio Politécnico da USP, entidade que representa os mais de 6 mil alunos da Escola Politécnica (Poli) da Universidade e que já acumula mais de 121 anos de histórias e conquistas. A mostra vai reunir edições de seu acervo, que conta um pouco da história desse periódico, que se confunde com a história da própria USP. No dia da inauguração, às 12h, haverá também um painel sobre o papel do jornalista na atualidade e a importância da contribuição do jornalismo universitário na sociedade brasileira, com a presença de profissionais da imprensa e também de professores e alunos da USP.

O público vai poder ver alguns dos exemplares históricos desse jornal, por onde passaram estudantes da Poli-USP que mais tarde se tornaram figuras célebres no Brasil, como o ex-governador de São Paulo Mário Covas (1930-2001), o ator Carlos Zara (1930-2002) e seu irmão, o ex-deputado federal Ricardo Zarattini Filho (1935-2017), o fotógrafo Thomaz Farkas (1924-2011), um dos pioneiros da fotografia moderna no Brasil, a empresária Cristina Junqueira (1982-), fundadora do Nubank e segunda mulher mais rica do Brasil, entre tantos outros nomes que contribuíram para o desenvolvimento econômico e cultural do País. 

A lista de colaboradores é grande e ainda inclui personalidades como o empreendedor Pedro Wongtschowski (1946-), importante nome da Engenharia Química brasileira, com atuação na Oxiteno, no Grupo Ultrapar e na Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo); Luiz de Queiroz Orsini (1922-2018), Professor Emérito da Poli-USP e um dos inovadores do ensino da Engenharia Elétrica no Brasil, com a introdução do uso de computadores como ferramenta de estudo; Paulo Blikstein (1972- ), professor de Comunicação, Mídia e Design de Tecnologias de Aprendizagem na Universidade Colúmbia, nos Estados Unidos, e profissional de referência na introdução de novas tecnologias na aprendizagem de Ciência, Computação, Engenharia e Matemática; e Adolfo Lemes Gilioli (1921-2012), um dos fundadores do jornal O Politécnico e da Academia Linense de Letras em sua cidade natal, Lins.

Diego Roiphe Melo, editor-chefe do jornal O Poltécnico – Foto:

“Estar como editor-chefe d’O Politécnico ao lado do Hoff (Pedro Paulo Lanza, que também é editor e diagramador) neste ano é desafiador e, até por isso, muito recompensador”, afirma Diego Roiphe de Castro e Melo. Desde que começamos nosso trabalho em janeiro, nos propusemos a garantir que cada matéria publicada, cada post e, principalmente, cada edição estivesse à altura da vasta história deste jornal”, continua. Segundo ele, organizar a exposição, perscrutando toda a história registrada nas páginas do acervo e também nos depoimentos de ex-redatores e editores, mostra a grandiosidade desse periódico. “Ter este meio de expressão, debate e diálogo na Universidade é imprescindível”, conclui. 

Como um dos jornais universitários mais antigos do País, O Politécnico passou por diversas fases, mas com circulação ininterrupta desde sua criação, quando foi registrado no Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) por Adolfo Lemes Gilioli. É constituído por uma equipe editorial de alunos e alunas da Escola Politécnica da USP, que se reúnem semanalmente para a troca de ideias e montagem de textos e edições. “O Politécnico tem, assim, tanto um imenso impacto enquanto meio de diálogo e reflexão sobre temas relevantes para os estudantes, quanto como espaço de livre expressão, pessoal, crítica e artística, contribuindo para inclusão e pertencimento na Universidade”, comenta Diego, acrescentando que a publicação valoriza a subjetividade individual e coletiva, sem nunca deixar de ser atual e irreverente. 

Jornal universitário passou por mudanças de nome ao longo do tempo – Foto: Divulgação/O Politécnico

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Exemplares históricos

Fundado em 1944 por estudantes da Poli USP, O Politécnico nasceu em plena ditadura do governo Getúlio Vargas, e foi registrado no DIP como um boletim informativo, o que impedia que anúncios custeassem as despesas da publicação, mas nem por isso deixava de ser um informe combativo e atuante no meio estudantil e acadêmico já desde seu surgimento. Como está descrito no site, “tal designação [de boletim] se deve à relação dos politécnicos com o Estado Novo. Já havia uma campanha do Grêmio contra a ditadura varguista, e o jornal endossou essa atuação. A pressão se manteve, e, em abril de 1945, O Politécnico defendeu a anistia aos presos políticos do regime”. Nos anos seguintes, o jornal seguiu seu padrão de manter um diretor responsável e, a partir da 12ª edição, foi integrado ao Grêmio Politécnico definitivamente. 

Nos seus 80 anos de existência, O Politécnico testemunhou, documentou e se posicionou a respeito de fatos históricos de grande importância para o País, como o movimento “O Petróleo é Nosso”, retratando as opiniões dos estudantes e o embate com a elite então chamada de “entreguista”; a “Campanha Paula Souza para Alfabetização de Adultos”, iniciativa dos alunos do Grêmio Politécnico da Escola Politécnica, que antecedeu a criação da própria USP, e que mais tarde deu origem à criação do Instituto Paula Souza, de ensino técnico no Estado de São Paulo; o Golpe de Estado de 1964 no Brasil, quando marcou sua forte presença no movimento estudantil, ao lado de movimentos de camponeses, operários e outros setores da sociedade, em oposição ao militarismo e à suspensão de direitos civis; a prisão de estudantes da USP durante o regime militar, no início dos anos 1970; o “show proibido” de Gilberto Gil na Poli, em 26 de maio de 1973, como denúncia da juventude universitária contra a repressão política e social da época.

E continuou registrando outros movimentos, como o das “Diretas Já”, entre os anos de 1983 e 1985, para retomada das eleições diretas para presidente da República, que não ocorriam desde 1964 com a implantação do regime militar no País; a aprovação da Constituição de 1988, conhecida como a Constituição Cidadã, que inaugurou um novo momento jurídico e institucional no Brasil, com a ampliação das liberdades civis e dos direitos e garantias individuais; isso e muito mais até chegar à recente pandemia de covid-19, quando alunos da Escola Politécnica, em conjunto com o Instituto de Física e a comunidade científica da USP, contribuíram não só com a divulgação de informações técnicas e médico-científicas, mas também com a criação de ventiladores pulmonares artificiais e a manutenção corretiva desses equipamentos, que foram cruciais para salvar milhares de vidas no País. Segundo o editor, essas e inúmeras outras contribuições importantes para a sociedade brasileira fazem parte da história do jornal O Politécnico

Exposição 80 anos do jornal O Politécnico
Data: de 18 a 30 de setembro, de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h, e sábados, das 10h às 15h; dia 18, às 12h, haverá um painel sobre o papel do jornalista na atualidade e a importância da contribuição do jornalismo universitário na sociedade brasileira
Local: Biblioteca Latino-Americana Victor Civita, no Memorial da América Latina
Endereço: Av. Mário de Andrade, 664, Barra Funda, São Paulo
Gratuito

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