Hospital da USP oferece tecnologia que melhora percepção auditiva de pacientes com deficiência

Novo modelo fornece som nítido, rico e natural, tem conectividade com smartphones e propicia uma audição otimizada mesmo em ambientes ruidosos

 09/12/2021 - Publicado há 2 anos
Isabela de Sousa Ribeiro, de 19 anos, durante adaptação de novo processador de som no HRAC – Foto: DSA/HRAC-USP

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Referência em tratamento especializado, ensino e pesquisa também na área de saúde auditiva, o Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP em Bauru começou a oferecer em sua rotina assistencial uma atualização de tecnologia que permite melhora na percepção auditiva dos sons em pessoas com deficiência auditiva.

Segundo a fonoaudióloga Tyuana Sandim Silveira Sassi, chefe técnica da Divisão de Saúde Auditiva do HRAC, o hospital é o primeiro serviço do Brasil a disponibilizar processadores de som de condução óssea de última geração para usuários de próteses auditivas cirurgicamente implantáveis, produzidos por empresa australiana do segmento.

“O dispositivo foi projetado para fornecer som nítido, rico e natural em um dispositivo pequeno e discreto. Tem alto nível de potência, propicia acesso a uma ampla gama de sons e uma audição otimizada mesmo em ambientes ruidosos. Além disso, esse dispositivo permite conectividade com smartphones”, destaca Tyuana.

De acordo com o professor Luiz Fernando Manzoni Lourençone, diretor clínico do HRAC e docente do Curso de Medicina da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP, o processador de som de condução óssea pode ser utilizado por usuários de Prótese Auditiva Ancorada no Osso (PAAO) ou também com uma banda elástica (softband), até que a criança tenha condições clínicas e anatômicas para a implantação cirúrgica de uma PAAO.

“A função do processador de som da prótese auditiva ancorada no osso é captar e processar o som e enviá-lo, por condução óssea, até a orelha interna”, explica Lourençone.

Para o professor Carlos Ferreira dos Santos, superintendente do HRAC, este é um importante upgrade na assistência em saúde auditiva na instituição. “Como centro de excelência da USP, com serviços 100% via Sistema Único de Saúde (SUS), é nosso compromisso buscar sempre os melhores e mais modernos recursos e tratamentos, disponibilizando tecnologias de ponta e trazendo qualidade de vida aos nossos pacientes”, ressalta o dirigente.

Primeiros pacientes

Os primeiros pacientes receberam nos dias 18 e 19 de novembro os novos processadores de som de condução óssea de última geração. Foram adaptados processadores em 11 pacientes implantados com Prótese Auditiva Ancorada no Osso, com idades entre 14 e 43 anos, que necessitavam de reposição dos processadores de som.

“Está sendo uma experiência muito boa, tenho o aparelho na palma da minha mão. Posso usar ele da forma que eu desejar, é superdiscreto. Consigo viver melhor com esse aparelho. O som é superlimpo, tem uma qualidade melhor, dá mais segurança para a gente estar em todo lugar. E o mais legal desse aparelho é que você pode usar o seu próprio celular para controlar ele. É uma novidade muito importante até para quem tem dificuldade de usar fone de ouvido. Você pode usar o celular e o aparelho normalmente”, relatou em vídeo a paciente Rita de Cassia Nogueira Teobaldo, 25, de Ribas do Rio Pardo (MS), após receber a tecnologia no HRAC.

A implantação da PAAO é por meio de procedimento cirúrgico, mas a adaptação do processador de som envolve apenas procedimentos ambulatoriais, com a participação de equipe interdisciplinar formada por médicos otorrinolaringologistas, fonoaudiólogos, psicólogos e assistentes sociais. “Nessa adaptação é verificada a condição da pele do paciente na região do implante, são realizados procedimentos de regulagem do processador, testes audiométricos e de percepção auditiva da fala no silêncio e no ruído”, pontua Tyuana Sassi.

A fonoaudióloga informa que, além desses 11 processadores já adaptados, a previsão é adaptar mais 29 processadores de som em 2022, conforme as necessidades dos pacientes. “A nova tecnologia oferecida pelo HRAC, além de ser de grande importância para a assistência aos pacientes, favorecendo a socialização e manutenção das suas habilidades auditivas, permitirá o desenvolvimento de pesquisas comparando as tecnologias mais atuais e a qualidade do som proveniente desses novos processadores”, acrescenta Lourençone.

Dispositivos e indicações

As indicações sobre qual tipo de dispositivo o paciente com deficiência auditiva deve usar são realizadas após criteriosa avaliação e diagnóstico de cada caso por equipe médica e interdisciplinar. Além disso, o processo de reabilitação com cada um dos dispositivos também envolve acompanhamento específico com equipe formada por diversos profissionais de saúde, como médicos, fonoaudiólogos, psicólogos, assistentes sociais, entre outros. Veja a seguir os principais tipos de dispositivos auditivos ofertados na rotina clínica do HRAC e as diferenças entre eles.

  • Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI): Aparelho que amplifica e ajusta os sons que ouvimos, tanto da fala como ruídos do ambiente. Indicado para perdas auditivas desde grau leve a profundo.
  • Implante coclear (IC): Dispositivo eletrônico que estimula diretamente o nervo auditivo por meio de pequenos eletrodos inseridos cirurgicamente dentro da cóclea, substituindo parcialmente as funções desta parte do ouvido interno. Indicado para perdas auditivas severas ou profundas, em que não há benefício com AASI. Na foto, os componentes externo (à esquerda) e interno (à direita) do implante coclear.
  • Sistema de Frequência Modulada Pessoal (Sistema FM): Acessório utilizado por usuários de AASI, implante coclear e outras próteses auditivas implantáveis que melhora a compreensão da fala em ambientes ruidosos, como sala de aula. Na foto, o kit do Sistema FM, composto por transmissor com microfone e receptor para ser acoplado em dispositivos auditivos.
  • Prótese Auditiva Ancorada no Osso (PAAO): Dispositivo cirurgicamente implantável que transmite as ondas sonoras através do osso craniano diretamente para o ouvido interno, contornando a orelha externa e média. Contempla pacientes com perda auditiva condutiva e mista que não se beneficiam com AASI por motivos anatômicos ou médicos (como malformação de orelha ou otites médias crônicas).
  • Banda elástica com processador de áudio (softband): Faixa elástica usada ao redor da cabeça, com processador de áudio externo da PAAO fixado. Indicada para crianças menores de cinco anos, enquanto não é possível realizar a cirurgia para implantação dessa prótese.

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Por Tiago Rodella, da Assessoria de Imprensa do HRAC

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