Grupo de matemática da USP se destaca em olimpíada internacional universitária

Participantes do grupo Nemo, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP em São Carlos, conquistaram medalhas na “International Mathematics Competition for University Students 2022”

 13/10/2022 - Publicado há 1 ano
Arthur Queiroz Moura, Bruno Matheus Foschiani Ricardo, Luan Arjuna Fraga Ramires, Gabriel Franceschi Libardi e Sofia Sampaio Lacerda: integrantes do grupo Nemo e medalhistas na International Mathematics Competition 2022 – Foto: Divulgação/ICMC

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“Resolver problemas de matemática com desafios é uma das coisas mais divertidas que se tem para fazer”, diz Luan Arjuna Fraga Ramires, estudante de graduação que coordena o Núcleo de Estudos de Matemática Olímpica (Nemo), um dos grupos de cultura e extensão universitária do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), da USP em São Carlos. Foi com essa motivação que sete participantes do grupo conquistaram medalhas na International Mathematics Competition (IMC), a mais prestigiada olimpíada internacional universitária de matemática, que ocorreu em agosto, na Bulgária, de forma presencial e on-line. Os representantes da USP São Carlos fizeram as provas remotamente e foram agraciados com uma medalha de ouro, duas de prata e quatro de bronze.

O Nemo foi oficializado neste ano com a intenção de valorizar ideias brilhantes e divertidas para resolver problemas de competições matemáticas nacionais e internacionais. Tem como docente responsável o professor Ali Tahzibi, do Departamento de Matemática do ICMC, que afirma que as atividades do grupo fornecem um impulso na qualidade de formação dos alunos de graduação.

Ali Tahzibi, professor do ICMC-USP – Foto: Divulgação/ICMC

“O grupo preza pelas ideias brilhantes e divertidas para resolver problemas de competições matemáticas nacionais e internacionais, que raramente encontramos nas avaliações dos cursos de bacharelado. Porém, a resolução das belas ideias (em geral simples e não triviais) são pedaços de quebra-cabeça que faltam para demonstrar um teorema ou aparecem de uma forma impactante nas aplicações da matemática (como a teoria de reconfigurações em computação inspirada por jogos, de Martin Gardner, ou algoritmo de busca de Google e álgebra linear)”, destaca Tahzibi. Justamente por possuir mistura de diversão e profundidade matemática, o professor diz que o grupo inclui e convida alunos interessados de todos os cursos do campus para mergulhar juntos nessa ideia. “Sonho com uma vida longa para este grupo e sua renovação contínua”, conclui Tahzibi.

Amor pela matemática

A medalha de ouro na competição ficou com um dos estudantes que começou cedo essa “diversão”. Ramires conta que seu interesse por matemática olímpica se iniciou no ensino fundamental, quando sua mãe disse que, com uma medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), apareceria na televisão e receberia a medalha do presidente. “Na minha primeira participação fui premiado com uma menção honrosa. Fiquei contente por ter ganho algo logo de primeira, mas, no dia da premiação, descobri que na minha região havia muitas outras menções, mas só uma medalha de ouro. Me recordo de pensar que ninguém ali iria se lembrar de mim. Isso me motivou a me dedicar completamente à matemática olímpica no ano seguinte. Na minha segunda participação, eu consegui uma medalha de ouro. Foi uma das melhores coisas que poderiam ter me acontecido”, comemora Ramires.

Além de ter uma viagem paga para o Rio de Janeiro para receber a medalha da presidente e ter aparecido na televisão no ano seguinte, o estudante recebeu uma bolsa para participar do Programa de Iniciação Científica Jr., onde teve aulas de matemática olímpica junto com os demais medalhistas da região. “Estar inserido num coletivo de pessoas que compartilhavam o amor pela matemática e com o qual eu podia discutir problemas e teorias foi imprescindível para o meu amadurecimento matemático”, observou.

Foi o que motivou Ramires a seguir na universidade com os desafios e a incentivar outros a seguirem nesse mesmo propósito. “Uma das primeiras coisas que fiz foi buscar um grupo de estudos para matemática olímpica. Quando descobri que não existia grupo algum, decidi criar um. Desde o meu primeiro ano, o Nemo já tinha esse nome, mas faltavam membros. Era difícil organizar reuniões, divulgar o grupo e manter os participantes engajados. No entanto, algumas pessoas interessadas acabaram ouvindo falar da iniciativa e decidiram me ajudar a colocar o projeto para frente.”

Os também medalhistas Victor Hugo Daniel (que atualmente faz pós-graduação nos Estados Unidos), que ficou com a prata, Sofia Lacerda e Gabriel Franceschi Libardi, que conquistaram o bronze, embarcaram no projeto. “No meu terceiro ano, nós quatro nos reuníamos quase toda semana para discutir problemas. Este ano, finalmente conseguimos nos tornar um grupo de extensão oficial do ICMC, o que nos proporcionou um alcance maior e uma infraestrutura muito mais adequada para nossas atividades.”

Segundo Ramires, o crescimento do Nemo foi decisivo nas vitórias de todos na competição. “Esse resultado é motivo de muito orgulho para mim, pois indica que o nosso projeto realmente está agregando os membros, tornando-os matemáticos melhores e desenvolvendo suas habilidades de resolução de problemas. Espero ver o grupo crescer e produzir cada vez mais resultados espetaculares como esse”, comemora.

Para Libardi, o fato dos estudos serem em grupo foi determinante nos resultados. “Eu já estudei sozinho para olimpíadas e sei como é travar em um problema e gastar horas sem fim em raciocínios que não levam a nada. Mas quando estou em alguma reunião do Nemo, nós conseguimos resolver até os problemas mais difíceis porque, de certa forma, o nosso conhecimento se complementa.”

Ainda sem saber se dará conta dessa missão junto ao grupo e do desafio da pós-graduação no exterior, Daniel é um grande defensor da continuidade do Nemo. “Sonhamos com esse grupo sempre seguindo em frente, o importante é que ele continue sempre cumprindo seu papel e que as pessoas mantenham o nosso projeto com a mesma paixão que o criamos.”

Os outros medalhistas do grupo foram Arthur Queiroz Moura (prata), Caio Diniz Santana (bronze) e Bruno Matheus Foschiani Ricardo (bronze).

Mais medalhas para a USP

Além dos estudantes da USP em São Carlos, sete alunos do Instituto de Matemática e Estatística (IME) também foram destaque na International Mathematics Competition 2022. Marcelo Machado Lage, Eduardo Ventilari Sodré, André Yuji Hisatsuga e Lucas Hiroshi Hanke Harada conquistaram a medalha de ouro; Sérgio Maciel e João Laudissi ganharam o bronze; e Ian Ribeiro de Faria Leite recebeu menção honrosa.

O grupo Nemo disponibiliza listas de desafios neste link e também se reúne aos sábados, das 14 às 16 horas, no ICMC em São Carlos. Para saber mais sobre o grupo siga o Instagram ou escreva para o e-mail nemo@usp.br.

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Texto adaptado de Raquel Vieira, da Assessoria de Comunicação do ICMC

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