Game utiliza leguminosas para falar sobre nutrição e biologia

O objetivo do jogo é impedir que os inimigos percorram caminhos em um mapa

 25/10/2016 - Publicado há 8 anos
Imagem: Divulgação
Neste jogo estilo tower defense, as próprias leguminosas fazem o papel de torres e atacam seus inimigos naturais – Imagem: Agência Ciência Web

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Lentilha, feijão, grão-de-bico, ervilha, soja e amendoim. Nem todo mundo é fã dessas leguminosas, mas elas têm um papel fundamental na alimentação e até mesmo na fertilidade do solo. Para comemorar o Ano Internacional das Leguminosas, instituído pela ONU em 2016, e reforçar a importância delas e de alguns conceitos de biologia envolvidos em seu cultivo, a Agência Ciência Web, um projeto do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP – Polo São Carlos, criou o jogo Sasonimugel. Ele já está disponível no Portal Ciência Web.

Mas de onde vem esse nome tão peculiar? “Na verdade, Sasonimugel nada mais é do que a palavra ‘leguminosas’ escrita ao contrário. Também quis dar a sensação de algo relacionado a sazonal, uma característica desses tipos de cultura”, explica Márcio Gonçalves de Araújo, estudante do curso de Estatística do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP em São Carlos. Ele é responsável pelo desenvolvimento do jogo e bolsista de iniciação científica da agência.

Sasonimugel faz parte da categoria tower defense, um subgênero de videogames de estratégia em tempo real. O objetivo desse tipo de jogo é impedir que inimigos percorram caminhos em um mapa. Ao longo desses caminhos, há torres que atiram nos inimigos enquanto eles passam. No caso do game, essas torres são representadas por ervilhas, sojas, grãos-de-bico, amendoins, feijões e lentilhas.
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Tela inicial do jogo, cuja inspiração é o Ano Internacional das Leguminosas - Foto: Divulgação
Tela inicial do jogo, cuja inspiração é o Ano Internacional das Leguminosas – Foto: Agência Ciência Web

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As características de cada uma delas no jogo foram pensadas a partir de informações nutricionais. Outros dois integrantes da equipe da Agência Ciência Web, o estagiário Gevair Norberto de Souza e a bolsista de iniciação científica Ana Laura Junqueira, ambos alunos do curso de Licenciatura em Ciência Exatas da USP em São Carlos, fizeram um levantamento dessas informações para Araújo, que também levou em consideração a popularidade de cada leguminosa para atribuir um alcance de ataque. “Por exemplo, o feijão, que é um produto largamente consumido no Brasil, tem o maior alcance do jogo”, diz ele.

Os recursos do jogador para instalar cada leguminosa ao longo dos caminhos são medidos em Rhizobium, uma bactéria com papel fundamental no ciclo do nitrogênio. Ela é responsável por fazer a fixação do nitrogênio, ou seja, convertê-lo em íons de amônio, o que só acontece se a Rhizobium estiver em relação de mutualismo com as raízes das leguminosas. Cada fase começa com uma determinada quantidade desse recurso, que vai aumentando de acordo com os ataques das leguminosas aos inimigos naturais.
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“Esperamos que o jogo, além de trazer, de fato, diversas informações interessantes sobre leguminosas, possa agir como um fator motivacional a respeito do tema, incentivando os jogadores a buscar mais conhecimento não só sobre leguminosas, mas também sobre outros tópicos de biologia relacionados a elas”, diz Araújo.

Desenvolvendo o jogo

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Márcio Araújo, Gevair Souza e a Ana Laura Junqueira, que ajudaram a desenvolver o game – Foto Agência Ciência Web

O projeto foi dividido em quatro etapas: definição da plataforma, definição do tema, definição do formato de jogo e decisões criativas. “Escolhemos a plataforma Adobe Flash por fornecer técnicas relevantes e ágeis, com uma interface intuitiva e atraente à forma de estruturação e organização dos componentes do jogo. Além disso, a linguagem ActionScript 3.0, que é a linguagem de programação da plataforma Adobe Flash, tem uma boa capacidade de se comunicar com outras linguagens de programação, como Java e PHP”, explica Araújo.

Ele também encarou vários desafios durante o processo de criação, já que não sabia programar nessa linguagem e procurou aprender por meio de vídeos e tutoriais. “Os principais desafios foram em relação ao design do jogo, tanto na parte de arte quanto na parte do conceito como um todo. Foram horas assistindo tutoriais sobre pixel art, sobre o funcionamento de softwares específicos para ilustração, e desenhando cada personagem do jogo, de forma que só de olhar você percebe que todos pertencem ao mesmo universo”, conta.

Mas o sacrifício valeu a pena. “Todo conhecimento adquirido foi importante para minha formação, bem como a oportunidade de participar da criação de um produto que pode ser jogado por qualquer pessoa. Isso foi realmente enriquecedor”, conclui Araújo.

Os frutos trazidos por Sasonimugel ao bolsista não param por aí. O jogo também foi tema de um trabalho apresentado  por ele na XI Semana da Licenciatura em Ciências Exatas (SeLic) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP. O pôster foi um dos três premiados com menção honrosa ao final do evento.

Thaís Cardoso / Instituto de Estudos Avançados – Polo São Carlos


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