Há poucas semanas no ar, o que era para ser o perfil de uma unidade da USP no Instagram se transformou em mídia exclusiva para desmistificar a covid-19. Segundo relato de professores e alunos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, criaram a conta em meados de fevereiro com publicações sobre ensino de graduação e pós-graduação, mas foram atropelados pelo decreto da pandemia.
A equipe que coordena o perfil, como o restante da população, começou a receber significativa quantidade de informações desencontradas sobre a pandemia. “Não podíamos ver as desinformações se espalharem, desnorteando as pessoas, achamos que era nosso papel contribuir para a disseminação de notícias corretas sobre o novo coronavírus”, conta Carolina Aires, uma das professoras responsáveis pela conta Instagram FCFRP.
O que não imaginaram é que o perfil se tornaria, tão rapidamente, fonte de informação pública segura sobre o novo vírus e a doença. E isso foi possível graças ao caráter de pesquisa dos professores da FCFRP que, mesmo não sendo virologistas, “têm plenas condições de buscar informação correta em literatura adequada e consistente”, assegura a professora.
Apesar de dispostos a “direcionar toda a energia de trabalho para explicar a covid-19 à população”, Carolina afirma que enfrentaram um grande desafio: falar sobre fatos científicos “de forma simples e acessível”. Mas encontraram uma fórmula logo após o sucesso da entrevista de seu colega e presidente da Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas, Flavio Emery, a uma emissora de TV, quando o professor entrou no ar ao vivo, explicando o uso adequado da cloroquina.
A postagem de um trecho da entrevista de Emery, no dia 25 de março, recebeu mais de 2,5 mil visualizações. O que empolgou a equipe a pautar outros especialistas da FCFRP para explicar as muitas dúvidas que vêm pipocando sobre o tema. “Depois disso, não paramos mais. Temos na FCFRP grande diversidade formativa de professores – químicos, bioquímicos, farmacêuticos, imunologistas, biotecnólogos, engenheiros, médicos, grande parte deles com representatividade científica, participando ativamente de decisões relacionadas à saúde e inovação tecnológica no País”, argumenta a professora.
Além da contribuição quase que diária, esclarecendo as principais dúvidas da população sobre a covid-19, as publicações de vídeos no perfil, segundo Carolina, estão colaborando na manutenção do “contato visual de nossos especialistas com a comunidade”. Sobre a produção, informa que, devido à quarentena, as gravações são feitas pelos especialistas em suas próprias casas e enviadas para a equipe, que as corrige (se necessário) e posta.
O trabalho é desenvolvido pelos professores Carolina e Emery, assessorados pelas alunas Aline Mauch, Brenda Moreira, Giovanna Ribeiro e Mariana Bernardelli, com colaboração permanente de Wasim Syed, um dos responsáveis pelo projeto Vydia Omics. A equipe, garante a professora, conta ainda com o apoio do diretor da unidade, o professor Osvaldo de Freitas, e do Setor Acadêmico da faculdade.
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