USP em Piracicaba usa cavalos para tratar deficiência neuromotora

Projeto de Equoterapia funciona desde 2001 e conta com 15 cavalos

 10/01/2017 - Publicado há 7 anos
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Um dos cavalos utilizados no projeto de Equoterapia da Esalq – Foto: Divulgação

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O uso de práticas alternativas e complementares em relação aos tradicionais remédios para auxiliar o tratamento e reabilitação de pacientes têm sido cada vez mais impulsionado no Brasil. Uma dessas propostas é a equoterapia, que utiliza cavalos como elemento para melhorar as condições de pessoas com necessidades especiais de caráter físico e mental.

Um projeto nesta linha é realizado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP em Piracicaba, no Departamento de Zootecnia, mais especificamente no Setor de Equinocultura. Segundo o coordenador Claudio Maluf Haddad, professor da Esalq, o Projeto Equoterapia foi fundado em agosto de 2001 e, hoje, conta com mais de 50 voluntários e 15 cavalos para a execução do tratamento.

Haddad explica que o cavalo exerce o papel de agente de reabilitação, pois quando o paciente está sobre o animal tem um processo de recuperação mais agradável em função das semelhanças entre as formas de andar do ser humano e do equino. Além disso, como o tratamento não é feito em ambientes fechados, como outras iniciativas, tudo é ainda mais agradável à pessoa atendida.

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Cerimônia de comemoração dos dez anos do Projeto Equoterapia. O coordenador Claudio Haddad, o quinto da esq. p/ a dir., e a equipe de profissionais – Foto: Divulgação

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“Outro fator bastante interessante de ressaltar é que também há uma melhora na autoestima do paciente por meio da equoterapia”, explica Haddad. “Muitas vezes, os participantes do tratamento são pessoas que estão numa cadeira de rodas e costumam olhar o mundo de baixo para cima. Sobre o cavalo, eles enxergam o mundo de cima para baixo, ou em mesmo nível.”

Muitas vezes, os participantes do tratamento são pessoas que estão numa cadeira de rodas e costumam olhar o mundo de baixo para cima. Sobre o cavalo, eles enxergam o mundo de cima para baixo, ou em mesmo nível

De acordo com a Associação Nacional de Equoterapia (Ande-Brasil), a atividade é prazerosa para os pacientes, o que pode acelerar a evolução do tratamento e cujos benefícios são tanto físicos quanto mentais e psicológicos. Na equoterapia da Esalq, o atendimento é focado em pessoas com deficiência neuromotora.

Segundo o professor, para participar do projeto, a pessoa deve se inscrever para entrar numa lista de espera, na qual passará por uma triagem médica para verificar a necessidade de realizar o tratamento. Uma vez na fila, é preciso esperar que outros pacientes terminem o seu processo de tratamento para poder receber o atendimento e passar pela equoterapia. Todo esse processo é gratuito.

“Nosso sistema de entrada e saída de alunos funciona como uma espécie de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Os pacientes chegam, vão passando pelo tratamento, até atingirmos os objetivos que foram estabelecidos naquele primeiro momento. Depois disso a vaga é aberta para uma nova pessoa que passará pelo mesmo processo”, explica Haddad.

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Crianças de provenientes de famílias com baixa renda são o principal público do projeto foto: Reprodução
Crianças provenientes de famílias com baixa renda são o principal público do projeto – Foto: Divulgação

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Além da extensão, o projeto também exerce atividades de pesquisa e ensino. Na área de pesquisa, foram desenvolvidos trabalhos de conclusão de curso e teses que deram maior embasamento científico para a técnica. Com relação ao ensino, foram ministrados cursos de formação profissional e palestras sobre equoterapia em Piracicaba e região.

Atualmente, a equoterapia da Esalq tem capacidade para atender cerca de 80 praticantes, em sua maioria crianças e adolescentes oriundos de famílias de baixa renda. São atendidas pessoas diagnosticadas com doenças, como paralisia cerebral, síndromes genéticas, como a síndrome de Down, malformações congênitas do sistema nervoso central, autismo, traumatismo cranioencefálico, traumatismo raquimedular, acidente vascular encefálico, doença de Parkinson, tumores cerebrais, deficiência visual, esquizofrenia, hiperatividade, dentre outras.

O projeto é considerado um centro de referência, no entanto passa por dificuldades financeiras por sua vinculação à universidade pública e caráter filantrópico. Mas tanto entidades privadas quanto pessoas físicas podem apoiá-lo, por exemplo, adotando financeiramente os custos do tratamento de uma criança do projeto. Para ajudar ou participar, basta ir até a Esalq ou entrar em contato por telefone com a assessoria (19) 3429-4109 ou (19) 3447-8613 – procurar por Alicia ou Caio.

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