Arte sobre foto - Cartilhas Equidade de Gênero / FD USP

Equidade de gênero é tema de aula e inspira nova cultura no ambiente acadêmico

Calouros da Faculdade de Direito da USP, em São Paulo, receberão cartilhas sobre violência, assédio e discriminação; material é resultado do curso Direito e Equidade de Gênero, disponível no Youtube

23/03/2021

Tabita Said

A Faculdade de Direito (FD) da USP, no Largo São Francisco, em São Paulo, vai distribuir a partir deste ano materiais como vídeos, podcasts, manuais e cartilhas sobre equidade de gênero para os novos alunos que ingressarem na Universidade, com início das aulas no dia 12 de abril. A iniciativa partiu das organizadoras da disciplina Direito e Equidade de Gênero, ministrada no segundo semestre de 2020 pelo Youtube e disponível ao público. O curso reuniu alunos da São Francisco e da Unesp de Franca, no interior do Estado. A disciplina é interdepartamental, formada por cinco professoras responsáveis, 18 monitoras e 170 estudantes.

“O que chama a atenção é o fato de o fortalecimento da equidade de gênero congregar tantas pessoas, atrair tantos alunos e alunas, e outros interessados, em prol da superação de discriminações nas mais diversas áreas jurídicas e públicas. O resultado desse esforço tem sido a sensibilização contra a discriminação, visível e invisível, não só na Faculdade de Direito, mas também em vários outros espaços acadêmicos e jurídicos”, conta a professora Nina Ranieri, coordenadora da Cátedra Unesco de Direito à Educação da faculdade.

De acordo com a docente, o curso deverá ter uma nova turma no segundo semestre de 2021. A expectativa das organizadoras é que mais homens se interessem pela disciplina, já que a primeira turma teve menos de 10% de adesão masculina. 

Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Nina Ranieri, professora da Faculdade de Direito e coordenadora da Cátedra Unesco de Direito à Educação - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Nova cultura

Pelo menos 11 cartilhas foram desenvolvidas a partir da disciplina on-line Direito e Equidade de Gênero. O material teve como público-alvo os calouros de 2021, buscando levar os aprendizados do curso para outros ambientes. Cada projeto desenvolveu também podcasts e vídeos, discutindo a inclusão nos ambientes acadêmicos, jurídicos e a desigualdade de gênero na infância e nas políticas públicas. O material aponta ainda estratégias para superar estereótipos, incluindo fatores como raça, condição financeira e origem geográfica.

Cartazes criados por participantes do curso, que realizaram exercícios individuais de reflexão e olhar crítico aos temas das aulas. Conheça mais atividades como esta clicando aqui

Ao Jornal da USP, Nina Ranieri explicou que as ações contra a discriminação de gênero em curso na Faculdade de Direito foram iniciadas há três anos, no projeto Diversidade nas Arcadas. Empreendendo ações de promoção da equidade de gênero, o projeto buscou ampliar a diversidade em seus quadros docente e discente, garantindo a qualidade de ensino na faculdade criada há 194 anos.

“Percebemos que as ações, reunidas, formavam um conjunto importante, substantivo, relativamente fácil de implementar, que trouxe muitos resultados. Esperamos que o projeto possa inspirar outras iniciativas desse tipo.”    

O projeto incentiva o cuidado com a equidade de gênero inclusive nas metodologias. Além de prever representatividade feminina nas bancas de mestrado e doutorado, o Regimento Interno da Pós-Graduação foi alterado para permitir à candidata gestante a possibilidade de suspensão de concurso para professora doutora por seis meses. 

No contexto do projeto, foi criada a Ouvidoria de Gênero, responsável por receber denúncias de assédio, prática de atos potencialmente preconceituosos ou sexistas, agressões de conotação sexual ou sexista, bem como qualquer manifestação de discriminação relacionada ao gênero ou à orientação sexual na faculdade.

Já na área do ensino, o Diversidade nas Arcadas propôs discutir a presença feminina na bibliografia dos cursos de direito e a utilização de exemplos de mulheres como recurso pedagógico para incentivar as alunas a participarem mais dos debates em sala de aula e se sentirem confiantes para liderar. 

Clique nos ícones para acessar os materiais

Desigualdade de gênero e raça nas carreiras jurídicas

Feminismo Negro e Interseccionalidade

Estereótipos, Sororidade e Empoderamento

Como construir um ambiente acadêmico mais inclusivo para mulheres?

Violência de gênero na Universidade

Desigualdades de gênero na infância e na educação

Como reagir ao machismo no ambiente acadêmico

Diversidade racial e social no corpo discente

Mulheres e docência

Direitos das mulheres e importância do feminismo na doutrina jurídica

Curso Direito e Equidade de Gênero 2020