Em Bauru, hospital da USP trabalha na reabilitação dos sorrisos de crianças

HRAC/Centrinho completa 51 anos priorizando prestação de serviço e ampliação do foco acadêmico

 03/07/2018 - Publicado há 6 anos
Atendimento de paciente com fissura labiopalatina – Foto: Adauto Nascimento/HRAC

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O Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP, em Bauru, é uma instituição pública de assistência especializada em saúde, ensino e pesquisa, mantida com recursos da USP, do Sistema Único de Saúde (SUS) e de convênios. O trabalho interdisciplinar de sua equipe, o processo de reabilitação integral e a humanização no atendimento ao paciente são características que desde a origem marcaram o trabalho do hospital e se destacam até os dias atuais. Esse trabalho é realizado há 51 anos.

Pioneiro em suas áreas de atuação, o HRAC é considerado centro de referência em pesquisa e tratamento das anomalias craniofaciais congênitas, síndromes associadas e deficiência auditiva, com atendimento 100% via SUS. A instituição registra, desde 1967, mais de 111 mil pacientes matriculados no total (sendo cerca de 62 mil em tratamento). Seu Programa de Implante Coclear (dispositivo eletrônico inserido cirurgicamente para estimulação direta do nervo auditivo) é um dos principais do País, com mais de 1,7 mil cirurgias já realizadas.

Reconhecido como hospital de ensino pelos Ministérios da Saúde e da Educação, é um importante núcleo de geração e difusão do conhecimento, inovações e protocolos de tratamento. Com programa de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) único no Brasil e diversos cursos lato sensu e de extensão (especializações, residências médica e multiprofissionais, aprimoramento profissional e práticas profissionalizantes), todos gratuitos, já formou mais de 1,4 mil mestres, doutores e especialistas.

O HRAC mantém ainda convênios de cooperação e mobilidade acadêmica com instituições de ensino do exterior (o que reforça sua vocação científica e para a internacionalização) e diversas ações em telessaúde (o que amplia as possibilidades de educação, pesquisa e apoio à assistência à distância).

Professor Carlos Ferreira dos Santos – Foto Tiago Rodella/ HRAC

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Comemoração

Uma solenidade no último dia 25 de junho comemorou o aniversário do hospital e reuniu pacientes, familiares e comunidade do campus. O professor Carlos Ferreira dos Santos, presidente do Conselho Deliberativo e superintendente substituto do HRAC e diretor da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB), lembrou que “essa história começou a partir de um projeto de pesquisa de professores da faculdade e, ao longo desses 51 anos, o hospital se tornou excelência não apenas no Brasil mas também no exterior, por meio de trabalhos de pesquisa e dos profissionais do HRAC que foram mundo afora disseminar o trabalho construído. E tudo isso foi possível porque estamos na Universidade de São Paulo, que é uma universidade de pesquisa.”

Professor José Sebastião dos Santos – Foto: Tiago Rodella/HRAC

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Santos afirmou que o hospital passa por um momento de transição, com a presença de estudantes de Medicina, inicialmente da FOB, mas que em breve serão alunos da Faculdade de Medicina de Bauru, cujo embrião é o HRAC. “Algumas instalações do HRAC já foram transformadas para receber não apenas os estudantes de Medicina, mas também de Odontologia e Fonoaudiologia, além de profissionais da rede municipal e estadual que já recebem nossos alunos [nos serviços de saúde].”

O professor José Sebastião dos Santos, superintendente do HRAC e coordenador do curso de Medicina da FOB, lembrou que a unidade foi fundada há 56 anos. “Logo nos primeiros anos, percebeu-se que precisava olhar para além do horizonte e, com a criação do Centrinho, começou-se a pensar também em audição e defeitos craniofaciais, uma preocupação genuína e de quem tem uma responsabilidade social muito grande.”

Ele destacou que um curso de Medicina ou qualquer curso da área da saúde não está restrito a uma instituição, a uma unidade, a um campus e precisa dialogar com a sociedade que o envolve. “No nosso caso, com o Sistema Único de Saúde, com o Sistema Único de Segurança Pública, que acaba de ser implantado, e com o Sistema Único de Assistência Social. Temos mantido um diálogo forte com os serviços de saúde, assistência social e segurança publica, porque não dá para pensar num curso, formar bons profissionais e fazer uma boa atenção à saúde sem esses setores. É nessa perspectiva que estamos estruturando esse curso de Medicina, utilizando uma base muito sólida, que é a FOB e o Centrinho.”

Funcionários e pacientes durante a comemoração dos 51 anos do Centrinho – Foto: Tiago Rodella/HRAC

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Reabilitação e humanização

Um momento emocionante durante a solenidade comemorativa dos 51 anos do HRAC foi a fala do pastor Alexandre Manoel da Costa, da Igreja Luterana de Bauru, que conduziu a celebração ecumênica juntamente com o padre Luis Antonio Carqueijo Sé, da Paróquia São Sebastião, de Pederneiras.

“Eu tenho um filho que está com 20 anos. Ele é deficiente auditivo e visual, e é paciente do Centrinho. Ele acabou de concluir o curso técnico de processos gráficos do Senai e agora inicia seu trabalho profissional. Agradeço demais a essa instituição e estou emocionado de estar aqui hoje”, relatou o pastor Alexandre.

Ao final do evento, a presidente do Grupo de Trabalho de Humanização e Educação Permanente e ouvidora do HRAC, Maria Irene Bachega, destacou que “é uma honra poder manter a tradição de tratar os usuários com carinho e humanização” e convidou a todos para cantarem os parabéns ao hospital junto com as crianças do Cedau.

Alunos do curso de Medicina durante capacitação no Necs – Foto: Tiago Rodella/HRAC

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Prioridades da gestão

Segundo o professor José Sebastião dos Santos, superintendente do HRAC e coordenador do curso de Medicina, algumas das prioridades da atual gestão é assumir com os servidores e gestores condição de prestador de serviço de saúde para fortalecer a vocação como hospital de ensino e pesquisa.

“Nesse contexto, estudos e tratativas têm sido feitas para instituir a ordenação do acesso dos pacientes via Regulação do Sistema Único de Saúde (SUS). Adicionalmente, está em curso um mapeamento das condições estruturais e sanitárias do Hospital, com a Vigilância Sanitária e o Corpo de Bombeiros, visando à identificação da necessidade de adequações para subsidiar elaboração de plano de investimento que comporte as atuais atividades e outras a serem definidas entre o SUS e a Universidade”, destaca.

A ampliação do foco acadêmico na instituição – com incremento da atuação de estudantes de graduação em atividades curriculares no hospital – é outra prioridade da gestão. Neste primeiro semestre de 2018, a estrutura do HRAC já serviu de local para aprendizado dos estudantes dos Cursos de Medicina, Odontologia e Fonoaudiologia do campus.

O hospital também abriga o Núcleo de Educação e Capacitação em Saúde (Necs), um centro de simulação para a formação dos estudantes e capacitação dos profissionais da rede pública de saúde como contrapartida da USP para o desenvolvimento de Bauru e região.

Dia municipal e conscientização

Em virtude da data de fundação do HRAC, 24 de junho também foi escolhido para celebrar o Dia Municipal da Pessoa com Fissura Labiopalatina em Bauru, instituído pela Lei Municipal Nº 6.849/2016.

Com o objetivo de disseminar informações sobre a fissura labiopalatina e o processo de reabilitação, promover atividades de educação em saúde e sensibilizar a sociedade sobre o tema, o Serviço Social do HRAC está planejando para o segundo semestre, em conjunto com a Secretaria de Educação de Bauru, uma série de palestras sobre o tema para estudantes de até 14 anos da rede municipal de ensino.

Você sabia?

  • As fissuras labiopalatinas são aberturas na região do lábio e/ou palato que incidem em uma a cada 700 crianças nascidas;
  • Essa malformação pode ser identificada por ultrassom, geralmente entre a 15ª e a 22ª semana de gestação. O diagnóstico pré-natal favorece o planejamento dos cuidados com o bebê e o aconselhamento e orientação dos pais por equipe especializada tranquiliza a família;
  • Após o nascimento, o foco principal é o cuidado nutricional, visando ganho de peso e um bom desenvolvimento global que favoreça condições para as primeiras cirurgias;
  • As principais implicações que as fissuras podem trazer ao indivíduo são dificuldade na alimentação, alterações na arcada dentária e na mordida, comprometimento do crescimento facial e do desenvolvimento da fala e audição. Ao longo dos anos, essa condição pode inclusive trazer impactos sociais e emocionais, como o bullying;
  • O tratamento da pessoa com fissura engloba aspectos funcionais, estéticos e emocionais. A atuação da equipe interdisciplinar e a participação da família no processo é fundamental para a qualidade de vida do paciente e para o sucesso da reabilitação;
  • Saiba mais neste link.

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