Doações de ex-alunos impulsionam projetos da Escola Politécnica

O fundo patrimonial Amigos da Poli surgiu em 2012 e já apoiou mais de 80 projetos

 31/08/2018 - Publicado há 6 anos
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Equipe de robótica da Poli em competição realizada em 2017; grupo recebeu apoio do fundo Amigos da Poli – Foto: ThundeRatz/Facebook

A formação universitária não acontece apenas dentro da sala de aula: grêmios, competições, grupos de estudo e projetos de extensão são alguns dos espaços onde os alunos podem desenvolver habilidades, colocar em prática o que aprendem na teoria e descobrir em que áreas gostam de trabalhar. Mas para tornar tudo isso realidade é preciso ter recursos financeiros. Com a missão de desenvolver o potencial dos estudantes e complementar sua experiência acadêmica, a Escola Politécnica (Poli) da USP decidiu criar um fundo patrimonial.

“Trabalhamos com o modelo de endowments, comum nas universidades do exterior. Recolhemos doações de ex-alunos ou quaisquer pessoas interessadas em ajudar a escola e todo valor recebido é investido na própria Poli”, explica Lucas Sancassani, presidente do Amigos da Poli, como a iniciativa foi nomeada. Anualmente o fundo lança um edital, para o qual toda a comunidade politécnica pode se inscrever – não apenas alunos, mas também professores e funcionários, desde que haja a participação de um professor desempenhando o papel de mentor.

Os projetos são cadastrados e os melhores são selecionados e contemplados com o valor em dinheiro que possibilite sua  execução.

Um dos projetos financiados tinha como objetivo melhorar a infraestrutura das disciplinas de Mecanismos, de modo que os alunos pudessem desenvolver melhores próteses e órteses para pacientes com deficiências – Foto: Divulgação/Amigos da Poli

O processo é concorrido: para definir quais projetos serão financiados, há uma banca formada por doadores do fundo, professores da Poli e conselheiros que avalia critérios como liderança, empreendedorismo, cidadania e inovação. Caso o fundo não possa fornecer os recursos necessários à realização integral da proposta, é comum que o participante organize a ideia em algumas etapas de desenvolvimento. Assim, ele tem mais chance de ser contemplado e pode buscar outras formas de investimento para desenvolver todas as etapas ou então se inscrever novamente no ano seguinte.

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“Quando um projeto é aprovado, ele não recebe todo o dinheiro de uma vez só. O participante se compromete com algumas etapas e, conforme ele as entrega, nós desembolsamos um pedaço da bolsa”, explica Sancassani, que se formou em Engenharia Elétrica na Poli em 2006. Desse modo, o Amigos da Poli garante o acompanhamento e a realização dos projetos que financiam. Cada uma das entregas é auditada – é necessário comprovar os gastos, apresentar nota fiscal, etc. 

Hoje, estima-se que o Amigos da Poli seja o maior programa de endowment da América Latina. Com quase R$ 20 milhões em patrimônio e mais de 2 mil doadores – entre eles, pessoas que estudaram na Poli e pessoas que não estudaram, mas acreditam na engenharia – ele segue a lógica de doação, investimento e retribuição.

Para divulgar estes resultados e garantir a transparência do programa, é publicado anualmente um relatório, registrando as atividades realizadas, o impacto que elas causaram, o número de alunos que o programa ajudou e de que forma eles conseguiram apoiar a escola. “Esse relatório cumpre duas funções principais: ser transparente no impacto do nosso projeto e ser transparente sobre o que fizemos com o dinheiro, como estão nossas contas, com o que estamos gastando e quais foram nossas receitas.”

O relatório publicado em julho deste ano foi auditado por uma empresa independente, sem relação com o fundo. Além do documento, a cada trimestre é divulgada uma newsletter com atualizações sobre o que está sendo feito e como estão as ações. “A natureza dos projetos apoiados são as mais variadas possíveis, desde o desenvolvimento de novas tecnologias e técnicas de ensino até a construção de novos laboratórios.”

Estrutura do carro elétrico desenvolvido pela equipe PoliMilhagem com apoio do fundo patrimonial da Poli –  Foto: Divulgação/Amigos da Poli

Além do edital de seleção de projetos, o fundo também busca outras maneiras de investir na Escola Politécnica. “Por exemplo, encontramos uma empresa que queria investir no desenvolvimento da ciência de dados, então eles doaram mais de R$ 2 milhões à Poli para a construção de um laboratório de Big Data no prédio de Engenharia Elétrica.”

Outra atividade realizada pelo Amigos da Poli é o Centro de Carreira, que visa preparar os estudantes para o mercado de trabalho. Durante cinco meses, os alunos passam por um treinamento intensivo oferecido por uma série de empresas. São realizadas desde atividades simples, como escrever um currículo e uma carta de apresentação, até tarefas mais complexas, como cursos de gestão de projetos e matemática financeira, por exemplo. Após este período, os participantes realizam um estágio de verão de dois meses em alguma dessas empresas e, então, podem receber uma oferta de estágio.

“Ano passado, disponibilizamos 35 vagas e foram mais de 350 inscritos, é um programa superconcorrido. Temos um processo seletivo feito por uma consultoria de recursos humanos no qual avaliam nota, entrevista e uma série de critérios.”

Desde 2012, quando foi criado, o Amigos da Poli apoiou mais de 80 projetos. Interessados em doar recursos para o fundo podem consultar o site.

 


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