Foto: Reprodução/Autodesk

Digitalização do Museu do Ipiranga vai levar acervo a mais pessoas

Etapa de modelagem 3D do edifício-monumento e do Parque da Independência deve ser finalizada até o segundo semestre de 2021 e permitirá visitas virtuais, criação de jogos e até controle da segurança

10/06/2021

Redação

O Museu do Ipiranga está mapeando seu acervo com o objetivo de construir um modelo tridimensional completo. A modelagem 3D inclui o próprio edifício-monumento do museu e as demais dependências do Parque da Independência, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. O projeto avança para a segunda etapa, num processo que começou em 2019 com a fase de captação das imagens internas e externas usando scanners a laser e drones. Durante quase um ano, foi realizado o escaneamento da arquitetura, o levantamento das esculturas e o registro de objetos selecionados. 

De acordo com a Autodesk, empresa de desenvolvimento de softwares que realiza o mapeamento, a iniciativa permitirá uma série de desdobramentos. Entre eles, a criação de ambientes virtuais, que poderão ser usados para a criação de jogos educativos e visitas à distância, além da integração de sistemas de segurança e de conservação do patrimônio. O registro digital pode, ainda, apoiar a realização de pesquisas ao disponibilizar um banco de dados em 3D.

“O futuro do Museu do Ipiranga é digital porque ele é uma referência nacional e queremos que pessoas de todo o Brasil conheçam as nossas coleções e o conhecimento que geramos a partir delas. Nós estamos trabalhando em uma plataforma para oferecer exposições virtuais, um catálogo on-line, jogos e outras formas de interatividade. Tudo isso a partir de 2022”, destacou a professora e curadora do Museu do Ipiranga, Solange Ferraz de Lima, durante a 19ª Semana Nacional de Museus, que ocorreu entre os dias 17 e 23 de maio. O evento propôs uma reflexão sobre o tema “O Futuro dos Museus: Recuperar e Imaginar”, a partir dos desafios enfrentados hoje, como segurança, democratização da informação, inclusão social e novas tecnologias.

Modelagem 3D do edifício-monumento do museu vai permitir visitas a distância, criação de jogos e exposições, além de contribuir para a segurança - Foto: Reprodução/Autodesk

Primeira fase de digitalização contou com a captação das imagens internas e externas usando scanners a laser e drones

Fotos: Helio Nobre/Museu Paulista

Segunda fase de digitalização inclui modelagem 3D do edifício-monumento e do Parque da Independência

Fotos: Reprodução/Autodesk

Preservação digital

Um time multidisciplinar atua no projeto de digitalização do Museu do Ipiranga com utilização dos programas Civil 3D e Infraworks. O trabalho de preservação digital tem o suporte da metodologia BIM (Modelagem de Informação da Construção, na sigla em inglês), que permite a criação de modelos virtuais precisos de uma construção. Ele vai além da simples representação em 3D de uma edificação, facilitando a integração entre os diversos profissionais envolvidos e o aumento da produtividade. 

“Nosso trabalho significa mais do que a digitalização do acervo e a representação em 3D do museu”, diz Fernanda Machado, arquiteta e especialista técnica da Autodesk responsável pelo projeto. “Trata-se de um mapeamento completo em 3D do edifício e de seus monumentos, com inúmeros dados associados, o que terá inúmeras utilidades. Com um projeto moderno e integrado, conseguiremos abrir um mar de possibilidades para quando o museu estiver reformado, como a criação de visitas guiadas com interação e o desenvolvimento de um acervo acessível por libras, só para citar alguns exemplos. A atual fase de modelagem será fundamental nesse sentido”, completa. 

Gigante da tecnologia, a Autodesk colaborou na produção do registro em 3D de patrimônios do National Discovery Museums Institute, na Tailândia, e de parte da coleção do Smithsonian Institute, nos Estados Unidos. Na Itália, a Autodesk conduziu o processo de digitalização em 3D de sítios históricos e arqueológicos da antiga cidade de Volterra.   

Detalhe do escaneamento da catedral Notre-Dame de Paris, parcialmente destruída por um incêndio em 2019 - Foto: Andrew Tallon / Vassar College

Escaneamento e modelagem do Museu Imperial de Petrópolis - Fotos: Reprodução/Autodesk

Esse processo também está sendo realizado no edifício da Catedral de Notre-Dame, na capital francesa, que foi parcialmente destruído por um grave incêndio em 2019. O modelo é baseado em escaneamentos internos da construção realizados antes e depois do incêndio. 

Aqui no Brasil, um projeto semelhante ao desenvolvido no Museu do Ipiranga foi feito no Museu Imperial de Petrópolis, no Rio de Janeiro. O trabalho de produção de um modelo e de plantas digitais tridimensionais foi doado à prefeitura da cidade.

Um novo Museu do Ipiranga

Fechado para visitação desde 2013, o Museu Paulista da USP está passando por obras de restauro, ampliação e modernização. A previsão de reabertura é em 2022, quando se celebra o bicentenário da Independência do Brasil.  

Cerca de 50% das obras de reforma e ampliação do Museu do Ipiranga estão concluídas, conforme dados apresentados durante a reunião virtual promovida pelo Comitê Gestor responsável pelo projeto de restauração do museu com representantes dos patrocinadores da obra, no dia 8 de março.  A obra contempla a criação de um espaço novo com 6.800 metros quadrados de área, que deverá abrigar sala de exposições temporárias, salas para atendimento do programa educativo, café, auditório e lojas.

Os trabalhos de restauração, modernização e ampliação do museu devem custar cerca de R$ 188 milhões e contam com patrocínios diretos e incentivados via Lei de Incentivo à Cultura pelas seguintes empresas: Atlas, Banco Safra, BNDES, Bradesco, Caterpillar, Comgás, CSN, EDP, EMS, Fundação Banco do Brasil, Honda, Itaú, Vale, Sabesp, Grupo Ultra Ipiranga e Pinheiro Neto Advogados.
.
.
Com informações de Priscilla Fiorin da Autodesk
.