Desafio traz soluções tecnológicas para aderência a tratamentos médicos

Na maratona de programação Hale Brazil, estudantes criaram aplicativos voltados a doenças respiratórias

 19/10/2016 - Publicado há 8 anos
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Telas do aplicativo “Ar”, vencedor do Hackathon Hale – Foto: Divulgação/Hackathon Hale

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Um aplicativo de perguntas e respostas, batizado de Ar, criado para contribuir na formação de professores de ensino primário e creches e ajudá-los a lidar com crianças com asma. Essa foi a proposta vencedora da primeira edição do Hackathon for Health, Assisted Living, Social Care and Community (Hale) no País, competição que ocorreu nos dias 24 e 25 de setembro, no Espaço Samsung Ocean na Escola Politécnica (Poli) da USP.

Hackathon é um termo em inglês usado para descrever uma maratona de programação. No caso do Hale Brazil, os participantes ficaram das 9 às 22 horas do sábado e das 9 horas às 17h30 do domingo se dedicando aos projetos, com pequenas pausas para alimentação. O evento é uma parceria entre Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais (PCS) da Poli e De Montfort University (DMU) de Leicester, no Reino Unido, com patrocínio integral do Fundo Patrimonial Amigos da Poli.

O desafio era usar a tecnologia para melhorar as condições e aderência ao tratamento de pacientes com doenças respiratórias, como asma, bronquite crônica e doença pulmonar obstrutiva crônica. Participaram da competição alunos e professores da USP. Os seis grupos formados tinham, cada um, desenvolvedores, designers e pessoas ligadas à área de saúde.

Telas do aplicativo para controle da asma - Imagem: Divulgação
Telas de aplicativo desenvolvido durante o Hale – Imagem: Divulgação

Giovanni Pigola Mannucci, estudante do oitavo semestre de Engenharia da Computação da Poli conta que seu grupo criou uma aplicação que consiste na interação da pessoa com um “bichinho” virtual asmático.

Segundo Mannucci, a interface virtual teria diversas características, como minigames, avisos para hora de tomar remédio, uma rede social integrada e uma customização do boneco. Dessa forma, a criança asmática criaria um vínculo identitário com o bichinho e passaria a cuidar de si mesma como cuidaria do amigo virtual.

Aprendizado

O grupo vencedor da competição é composto somente de mulheres, as estudantes de Engenharia Elétrica Beatriz Bessa, Damaris Cardona, Marina Scott e Nádia Coelho, e a aluna de design Rebecca Kamehama. A equipe teve como mentor Vitor Andrioli, que fez intercâmbio na DMU.
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Foto: Divulgação/Hacktaon Hale
As estudantes vencedoras do Hackathon e o seu mentor com seus certificados – Foto: Divulgação/Hackathon Hale

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O projeto foi desenvolvido em uma plataforma de aprendizado e compartilhamento de experiências relacionadas ao cotidiano de crianças com asma, com foco em professores de creches e da educação primária. De acordo com as participantes, “essa abordagem foi escolhida porque pensamos que, assim, conseguiríamos alcançar também tanto as crianças quanto seus pais; uma vez que essas são as pessoas que convivem com elas, e que, em geral, são ouvidas pelos pais”.

O aplicativo Ar tem duas funções principais. A primeira é testar os conhecimentos do usuário quanto aos aspectos gerais da doença, por meio de perguntas e respostas distribuídas em cinco tópicos: identificação da crise, o que fazer, exercício físico regular, sociabilidade e orientação doméstica. A segunda parte é ser um fórum onde os usuários podem se comunicar, compartilhar experiências, fazer perguntas e trocar informações em geral.

Multidisciplinaridade

Foto: Divulgação/Hacktaon Hale
Participantes durante o Hackathon – Foto: Divulgação/Hackathon Hale

Além do objetivo de criar um artefato digital na forma de software livre, a intenção do Hale Brazil foi também promover a convivência multidisciplinar entre os alunos que participaram – estudantes de graduação e pós-graduação em engenharia de computação, design, fisioterapia e outras áreas.

A professora Lucia Filgueiras, uma das organizadoras do evento e professora do PCS, lembra que a proposta principal não era criar um produto final, mas “proporcionar uma nova forma de aprendizagem” para os participantes por meio de seu desenvolvimento.

Os alunos que participaram, se tiverem interesse em dar continuidade ao projeto e tentar possíveis financiadores, serão procurados. “Esse processo de tornar realidade uma plataforma na área de saúde exige um cuidado ainda maior dos empreendedores, por envolver questões éticas”, afirma Lucia.

Foram apresentadas 11 propostas de temas para a Hale Brazil, de instituições que trabalham com populações vulneráveis. Celso Carvalho, professor do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) foi quem propôs o tema selecionado.

Foto: Divulgação/Hackathon Hale
Foto: Divulgação/Hackathon Hale

Ele conta que entre as principais motivações para a escolha do tema está o fato de o Brasil ser o oitavo país com maior número de pessoas com asma. A doença atinge todas as faixas etárias, envolve altos custos para o tratamento, e sua incidência é maior entre a população mais pobre. No evento, Carvalho participou como um dos mentores da área da saúde que estavam auxiliando os grupos com questões mais específicas relacionadas à doença.

A ideia de expandir a Hale, que ocorre desde 2013 no Reino Unido, já vem de antigos planos da DMU. Diego Marques, aluno do último semestre de Engenharia da Computação no PCS, fez intercâmbio na DMU durante um ano – do segundo semestre de 2015 ao primeiro de 2016. Lá, estagiou com o professor Samad Ahmadi, professor da DMU e idealizador da Hale. “A ideia de vir para a USP veio de uma conversa com ele”, conta Marques, que foi a principal ponte entre a DMU e a USP e participou da organização do evento no Brasil.

Com informações de Gustavo Drullis, da Jornalismo Júnior


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