Capital mineira terá obra projetada por alunos de São Carlos

Trabalho de parceria entre engenheiros e arquitetos da Equipe de Concreto da USP garantiu o primeiro lugar em concurso

 09/11/2016 - Publicado há 7 anos
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Ilustração: Assessoria da EESC
Detalhe da obra projetada por alunos de engenharia e arquitetura da USP em São Carlos – Ilustração: ECon

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Eles ainda estão cursando Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo, mas já terão um projeto de obra executado. Estudantes da Equipe de Concreto (ECon) da USP conquistaram o primeiro lugar no Concurso Ousadia 2016, promovido pelo Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon), que prevê como premiação a construção da proposta vencedora. Na competição, concorreram nove equipes de dez universidades diferentes.

O concurso, realizado de 11 a 14 de outubro em Belo Horizonte, Minas Gerais, era sobre a elaboração do projeto de uma obra de acessibilidade ligando a Rua Sapucaí, na capital mineira, ao túnel de acesso à estação de metrô da Praça da Estação, além da readequação urbanística da região.

A solução proposta pela equipe de São Carlos – formada por estudantes da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) e do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU), ambos da USP –  incluiu uma passarela de concreto protendido com 25 metros de vão, um elevador panorâmico com fachadas em cobogó, escada com estrutura independente da passarela, ampliação da entrada do túnel para melhoria da segurança e iluminação, construção de uma ciclovia na Rua Sapucaí, interligando o entorno, além da arborização dessa rua.

O professor Ricardo Carrazedo, da EESC, orientou o projeto vencedor e destaca as várias etapas pelas quais os estudantes de Engenharia e Arquitetura tiveram que passar e as relações desenvolvidas entre eles como as experiências mais valiosas da participação no concurso.

De acordo o professor, o projeto parte da arquitetura, que “tem que chegar a uma solução como um todo, entendendo muito bem aquela região de Belo Horizonte: as características do entorno, o tipo de atividade que se desenvolve ali (comercial, residencial), ou seja, todo o aspecto urbanístico de integração daquela região da cidade”.

A partir daí, a engenharia verifica se as soluções da arquitetura são viáveis, e volta a se reunir com os arquitetos para discutir os possíveis problemas para chegar a soluções que atendam em conjunto aos critérios de ambas as áreas, resolvendo as duas situações. “Isso foi feito várias vezes. A solução dada inicialmente, por exemplo, previa escadas, que tiveram que ser retiradas da solução final por questão de patrimônio histórico. Ou seja, o trabalho foi feito através de várias tentativas até chegar à solução final”, explica Carrazedo.

A equipe

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Integrantes da Equipe de Concreto da USP em São Carlos – Foto: ECon

A Equipe de Concreto foi formada em 2012 para os estudantes participarem dos concursos técnicos realizados anualmente pelo Ibracon e terem a oportunidade de colocar em prática o que aprendem em sala de aula. Inicialmente, ela contava com nove alunos, todos da EESC, e teve dificuldades para desenvolver os trabalhos por conta da inexperiência do grupo nas atividades propostas. No ano seguinte, Carrazedo conta, o projeto quase foi interrompido, pois apenas dois estudantes se interessaram em participar, mas em 2014 a procura foi bem maior e, a partir daí, a ECon se consolidou.

“Boa parte da equipe que temos é de alunos que já estavam conosco ano passado, mas sempre buscamos atrair novos integrantes, inclusive do começo do curso, porque esse tipo de atividade estimula muito o interesse na área de estruturas. Então trabalhamos com equipes mistas, com alunos novos e outros mais experientes, e assim ganhamos força”, diz o professor.

Foto: Assessoria da EESC
Projeto será executado na cidade de Belo Horizonte – Foto: ECon

Hoje, o grupo é constituído por cerca de 40 alunos, que se dividem em equipes menores para se dedicar aos projetos específicos dos quatro concursos técnicos estudantis promovidos pelo Ibracon: Ousadia, Concrebol, APO (Aparato de Proteção ao Ovo) e Cocar (Concreto Colorido de Alta Resistência).

O time que venceu o prêmio Ousadia 2016 é composto de 16 alunos: Álison Toledo, Caio Agrizzi, Gabriel Miranda de Faria, Guilherme Grigio Gabriel, Gustavo Baeta Neves Resende, Hugo Lourenço, Ingridth Hopp, João Perdoná, Juan Leles, Luciane Sobral e Rodrigo Frederice, do curso de Engenharia; e Amanda Basso Morelli, Ana Carolina Faria, Fabiana Granusso, Masae Kassahara e Renan Antiqueira, do IAU.

A gestão da ECon é toda realizada pelos alunos e se divide em cargos de diretoria administrativa, financeira, de comunicação e recursos humanos, além dos diretores responsáveis por coordenar a atividade de cada um dos quatro grupos montados para os concursos do Ibracon. As gestões mudam anualmente por meio de eleições.

Em 2016, a equipe vencedora do concurso Ousadia foi dirigida por Gabriel Miranda de Faria. O estudante faz parte da ECon desde 2014 e se mostra empolgado com a evolução do projeto. “Essa conquista no Ousadia ajuda muito a aumentar o interesse no que fazemos. Muitas pessoas estão querendo entrar, tanto que estamos organizando um processo seletivo, pois não é possível trabalhar com equipes muito grandes. Estamos desenvolvendo um estatuto para a ECon também”, diz.

Por volta do mês de abril, o Ibracon publica os editais dos concursos, especificando seu regulamento, diretrizes do que fazer e não fazer e das metas a serem cumpridas. Até os lançamentos dos editais, os estudantes se organizam para estar preparados.

“Houve treinamentos com softwares que virão a ser úteis para a montagem dos projetos, e a ideia é que haja mais treinamentos como esse, e pensamos também maneiras de aprimorar a equipe e estruturá-la melhor”, explica Gabriel Faria.

Habilidades

Para Carrazedo, 2016 foi o ano de melhor desempenho da equipe. Mas a avaliação não se dá apenas pela vitória da ECon: segundo o professor, o grupo de alunos está mais organizado. “Hoje, temos cerca de 40 alunos de Engenharia e Arquitetura na ECon, e a experiência de membros que já participavam do projeto em anos anteriores foi importante este ano na maneira de eles se organizarem, na divisão do trabalho, na forma de lidar com os prazos e as metas”, explica.

Segundo o professor Carrazedo, mais do que transpor os diferentes desafios propostos por cada concurso e vencê-los, o que é estimulante para os estudantes, o objetivo da ECon é estimular os alunos e desenvolver suas capacidades de trabalho em equipe. “O objetivo do projeto é colocá-los nessa situação de se organizar para trabalhar com várias pessoas simultaneamente, fazer reuniões, acompanhar a evolução das atividades em paralelo, para chegar a uma solução em conjunto. Isso é o mais importante.”

Veja no vídeo abaixo a apresentação do projeto da Equipe de Concreto:

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