Arte e feminismo: USP ganha grafite de Ju Violeta e Mag Magrela

Ação foi realizada como parte da programação do Dia Internacional das Mulheres com Arte

 15/03/2017 - Publicado há 7 anos
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Ju Violeta e Mag Magrela durante processo de criação do painel - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Ju Violeta e Mag Magrela durante processo de criação do painel – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

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As paredes externas do Espaço das Artes, antiga sede do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, ganharam novas cores, vida e voz com um painel feito pelas grafiteiras paulistanas Ju Violeta e Mag Magrela. A ação, apoiada pelo Escritório USP Mulheres, foi realizada como parte da programação da Semana de Artes HeForShe, evento global organizado pela ONU Mulheres, entidade das Nações Unidas que busca promover a igualdade de gênero e o empoderamento feminino.

As artistas, que juntas somam quase duas décadas e meia grafitando, contam que viram o convite para representar o grafite paulistano no Dia Internacional da Mulher com grande responsabilidade. Mag explica que, apesar de suas criações refletirem a realidade da cidade e sua resistência como ser humano dentro dela, por ser mulher, a questão feminina também acaba aparecendo em suas obras. Conta, ainda, que ser convidada para pintar mensagens sobre o feminismo a fez perceber que é essa luta que as pessoas mais enxergam em seu trabalho – e isso a fez ver o que pinta e faz com um compromisso cada vez maior.

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Painel finalizado - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Painel finalizado – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

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Nas ruas desde 2004, Ju Violeta falou sobre a dificuldade que muitas mulheres que começam a pintar têm em continuar, principalmente pelas responsabilidades que carregam. “É uma honra poder representar [as mulheres no grafite] e ter essa chance de fazer um mural nesta data”, afirma. “Que a gente consiga levar essa mensagem de força e resistência”.

A ação, que começou na tarde do dia 7 de março, véspera do Dia Internacional da Mulher, contou ainda com a presença da representante do escritório da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman.

Força, cuidado e resistência

As artistas junto da representante do escritório da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman - Foto: Marcos Santos/USP Imagens
As artistas junto da representante do escritório da ONU Mulheres no Brasil, Nadine Gasman (centro) – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Do lado esquerdo do painel, vê-se um rosto indefinido: “ser mulher é justamente isso, não é um rosto ou um corpo, e sim seu sentir”, explica Ju sobre a criação que, segundo ela, também reflete sua relação com a natureza e a conexão com o feminino. Já do lado direito, estão duas mulheres abraçadas, uma cuidando da outra – imagem que teve como referência uma fotografia em que duas mulheres trans faziam exatamente isso, conta Mag, que se inspirou no registro. “A gente tem que cuidar uma da outra, porque quem vai cuidar, né?!”, indaga. “Nós sabemos uma o valor da outra, então eu pensei nessa questão do cuidado, da proteção e isso faz a gente ficar forte”.

Para Mag, é importante realizar uma ação como essa dentro de uma universidade que ainda carrega em si traços como o conservadorismo, o machismo e a homofobia. “Aqui é um lugar em que as mulheres correm grandes riscos, são oprimidas, não são ouvidas quando mostram que foram vítimas de algum tipo de abuso”, observa. A importância, para Ju, vem no sentido de levar para a comunidade universitária feminina uma mensagem de força. “É isso que a gente quer, que a gente saiba o nosso valor, acredite nele e saia à luta”, conclui.

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O Espaço das Artes é coordenado pelos Departamentos de Artes Plásticas, Música e Artes Cênicas da da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP e fica no campus da Universidade no Butantã (Rua da Praça do Relógio, 160, Cidade Universitária, São Paulo).

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