Projeto promove educação em ciência em escolas públicas de São Paulo

Projeto Imunologia nas Escolas quer estimular estudantes e professores a dialogar sobre temas científicos

 02/10/2017 - Publicado há 7 anos
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Projeto busca aproximar estudantes do ciclo básico e pensamento científico – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

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Estimular os jovens a se aproximarem da ciência é a principal proposta do Projeto Imunologia nas Escolas. A ação faz parte da Plataforma de Ensino & Interação com a Sociedade promovida pelo Instituto de Investigação em Imunologia do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (iii – INCT), que reúne vários cientistas e tem a participação de diferentes instituições do País, incluindo a USP.

“Pensamos nesse projeto educativo em função da importância que damos para a formação científica. Achamos que o gosto pela ciência e o entendimento da lógica da construção do conhecimento científico devem começar muito cedo”, explica Verônica Coelho, uma das coordenadoras do projeto e pesquisadora no Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração (InCor) e no Instituto de Investigação em Imunologia.

Projeto trabalha, atualmente, com estudantes do ensino médio – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

A equipe do programa é formada por educadores, pesquisadores e alunos de pós-graduação e pós-doutorado, que se disponibilizam a realizar atividades em uma escola durante um ano. “Esse é o diferencial desse tipo de proposta, que não vai apenas na escola e faz uma palestra (o que também é válido), mas desenvolve um trabalho mais duradouro”, afirma Verônica.

No momento, o projeto atua com os alunos do primeiro ano do ensino médio da Escola Estadual Fernão Dias Paes, localizada no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Com um material didático próprio e constantemente revisado, o grupo utiliza temas da imunologia próximos do cotidiano dos estudantes, como alergias, câncer, vacinas e HIV/Aids. Os encontros ocorrem uma vez por mês e, após uma dinâmica, abre-se espaço para reflexões sobre o assunto abordado.

A estudante Tamires Souza Neves afirma ter aprendido bastante e que o projeto é um complemento ao conteúdo apresentado em sala de aula. “Visitamos o Laboratório de Imunologia do InCor para ver como foi a pesquisa para desenvolver uma vacina para prevenir a febre reumática, foi bem interessante”, declara.

Verônica conta que também estão tentando criar um ambiente interdisciplinar nas escolas. “Estamos tentando trazer o tema de forma horizontal na escola. Quando a gente discute HIV/Aids, podemos discutir outros assuntos que envolvam diferentes disciplinas”, diz.

Após serem acompanhados durante um ano, os estudantes ainda têm a oportunidade de realizar uma pré-iniciação científica (IC) dentro de algum laboratório da USP. Para isso, devem demonstrar interesse e compromisso para ajudar no desenvolvimento de pesquisas feitas por mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos. Ao longo da pré-IC, os alunos se reúnem e trocam experiências vivenciadas em cada laboratório.

Foto: Marcos Santos/USP Imagens

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A proposta não se restringe às atividades com alunos nas escolas. Também existe um programa específico para os professores de ciências da rede pública. “É com esse programa que a gente imagina que experiências dessa natureza possam ter um alcance maior. Fazemos um módulo com essa mesma lógica que temos com os alunos”, explica a pesquisadora.

Ela também aponta que “a ciência é ensinada nas escolas, de modo geral, em forma de caixas-pretas, passam o conteúdo sem mostrar o processo. A pergunta é: a comunidade científica deve contribuir para o ensino básico? Se a gente quer formar cientistas críticos e ativos, quando é que começamos? É só na pós-graduação? É uma discussão que eu acho muito importante. Devemos travar e experimentar iniciativas diversas”.

Outro pilar do projeto é a Oficina de Introdução ao Jornalismo Científico, oferecida por dois meses, na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Assim como na pré-IC, os alunos interessados podem participar da oficina, ministrada pela jornalista Patrícia Santos, da empresa Conecta Ciência. “Pensamos em uma oficina que tivesse ideias sobre como o jornalismo científico é feito no Brasil. Apresento os processos de produção de notícias, mas de uma forma introdutória. A ideia é mostrar um pouco desses processos e os alunos também exercitarem situações do jornalismo do dia a dia”, esclarece Patrícia.

A coordenadora do Imunologia nas Escolas, professora Verônica Coelho – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

“É uma oportunidade nova, quase ninguém tem essa chance. É uma experiência que ajuda a gente no futuro e pode nos levar para outros caminhos também”, comenta Isabella Vitória dos Santos, estudante da escola Fernão Dias e participante do projeto.

Os temas discutidos no Projeto Imunologia nas Escolas também são trabalhados na oficina a partir da abordagem da mídia sobre o assunto. Checagem dos fatos, entrevistas e experiência com fotografia são algumas das atividades realizadas. Todo o material produzido será destinado à elaboração de um jornal.


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