Atualizado 13 de junho 2019, às 11h09

A fissura labiopalatina é a condição congênita mais comum entre as malformações que afetam a face do ser humano. Relacionada a uma combinação de fatores genéticos e ambientais, ela pode ser desde uma pequena cicatriz labial até fissuras complexas capazes de provocar alterações na fala.
Segundo a fonoaudióloga Rosana Prado de Oliveira, uma das maiores preocupações de pais, cuidadores e mesmo profissionais das maternidades é a alimentação dos bebês que nascem com essa condição. Por isso, profissionais do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC/Centrinho) da USP, em Bauru, e de outras instituições especializadas desenvolveram um guia on-line com orientações para minimizar as dificuldades alimentares dessas crianças.
Rosana é uma das autoras do material, que contou também com a participação de outros profissionais de fonoaudiologia e pediatria do Centrinho e de outras instituições especializadas. Administração alimentar no recém-nascido com fissura labiopalatina já está disponível gratuitamente para qualquer interessado.
Adaptações e estratégias
De acordo com Rosana, recém-nascidos com fissura labiopalatina podem apresentar dificuldades de sucção, deglutição excessiva de ar, refluxo de leite pelo nariz e fadiga durante o aleitamento, o que pode resultar na redução da quantidade ingerida e, consequentemente, em problemas de nutrição e crescimento.
“É perfeitamente possível, contudo, utilizar estratégias facilitadoras para alimentar o bebê com fissura de forma segura e adequada”, explica a fonoaudióloga. “É justamente isso que este guia vem detalhar, mostrando, em linguagem acessível, formas convencionais e alternativas de aleitamento, como a amamentação direta no seio materno, as adaptações posturais, o auxílio de minimamadeiras também conhecidas como ‘chuquinhas’, ou ainda mamadeira com um bico macio e furo que permita o gotejamento”.
As recomendações contidas no guia são específicas para recém-nascidos com fissura isolada de lábio e/ou palato, isto é, sem outros comprometimentos ou malformações associadas.
Do Centrinho, também participaram da elaboração do guia Jeniffer de Cássia Rillo Dutka, do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP e do Programa de Pós-Graduação do HRAC, e Hilton Coimbra Borgo, pediatra e chefe técnico do Departamento Hospitalar do Centrinho. Colaboraram ainda, de outras instituições, as fonoaudiólogas Ana Paula Bautzer, Camila Di Ninno, Daniela Barbosa, Eliana Midori Hanayama, Iracema Rocha, Italita Gomes Weyand, Lidia D’Agostino, Nídia Zambrana, Regianne Weitzberg, Rejane Gutierrez, Vera Cerruti e Zelita Guedes, e a pediatra Tatiane Selbach.
Reabilitação
A fissura labiopalatina é o comprometimento da fusão dos processos faciais durante a gestação. Ela pode ocorrer de forma isolada, estar associada a outras malformações ou ainda fazer parte de um quadro sindrômico. No Brasil, ela ocorre em uma a cada 650 crianças nascidas, considerando-se apenas pacientes com fissura isolada de lábio e/ou palato.
O tratamento é um processo longo que envolve a atuação de equipe interdisciplinar, das áreas de cirurgia plástica, odontologia, fonoaudiologia, entre outras especialidades da saúde, todas indispensáveis à reabilitação. Inicia-se desde o nascimento, seguindo durante o período de desenvolvimento e, dependendo do acometimento, até a fase adulta, com cirurgias e acompanhamento clínico.
O Centrinho é um hospital especializado na reabilitação de fissuras labiopalatinas, anomalias congênitas do crânio e da face e deficiências auditivas que oferece tratamento integral e multidisciplinar, dedicando 100% de sua capacidade instalada a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).
Adaptado da Assessoria de Imprensa HRAC-USP