Curso on-line da USP aborda o conceito de tempo nas ciências, na filosofia e nas artes

Parceria do Instituto de Estudos Avançados da USP com a Universidade de Nagoya, do Japão, curso será lançado dia 14 de abril e ficará disponível na plataforma on-line Coursera

 08/04/2021 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 22/04/2021 as 11:21
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Formação, constituída por quatro módulos, trará perspectivas sobre diferentes ciências – Imagem: Freepik

 

O conceito de tempo pode ter diferentes significados, a depender da perspectiva. Para o filósofo francês Henri Bergson, por exemplo, definir o tempo como algo cronológico e quantificável é um erro, pois, para ele, tempo é processo contínuo, ainda que os seres sejam finitos. Para refletir sobre esse tema, a partir de ciências como filosofia, física e psicanálise, será lançado o curso Fora do Relógio: as muitas faces do tempo (em inglês Off the Clock: The Many Faces of Time), produzido pelo Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, em São Paulo, em parceria com o Instituto de Pesquisa Avançada (IAR) da Universidade de Nagoia, do Japão.

Trata-se de um Mooc (massive open on-line course) que será lançado no dia 14 de abril e ficará disponível na Coursera, plataforma de cursos on-line. A formação é constituída por quatro módulos que compreendem 17 aulas em vídeo, totalizando carga horária de cinco horas e meia. Para participar, o interessado precisa se cadastrar no Coursera neste link, localizar o curso a partir da data de lançamento e fazer a inscrição.

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O lançamento ocorrerá durante a 6ª Conferência de Diretores da Ubias (University-Based Institutes for Advanced Study), rede internacional de institutos de estudos avançados vinculados a universidades de todos os continentes. A disponibilização on-line do curso será possível graças à parceria entre a Pró-Reitoria de Pesquisa da USP e a Coursera.

O Mooc é resultante dos debates empreendidos por 13 jovens pesquisadores de várias áreas e diversos países participantes da primeira edição da Intercontinental Academia (ICA), em 2015 e 2016, organizada pelo IEA e pelo IAR de Nagoia, e que teve por tema o Tempo.

Faces do tempo

O objetivo do curso é apresentar um panorama abrangente das principais formulações sobre o tempo nas ciências, na filosofia e nas artes. As questões discutidas vão do tempo dinâmico ou estático dos pré-socráticos à fenomenologia de Heidegger, da discussão sobre a flecha do tempo em direção ao futuro à inexistência do conceito de tempo na gravidade quântica, do tempo geológico aos ciclos circadianos que controlam o organismo humano.

O diretor do IEA à época da ICA, Martin Grossmann, lembra que a ideia de produção do Mooc partiu do cronobiologista Till Roenneberg, da Universidade Ludwig Maximilian de Munique, Alemanha, em reunião do Comitê Sênior da primeira ICA no Instituto de Estudos Avançados de Freiburg, Alemanha, em setembro de 2014. Grossmann considera que o Mooc se tornou ainda mais relevante em função das exigências da atualidade. “A posição dos professores, que ainda atribuem aos Moocs um papel secundário na educação, tende a mudar diante da realidade do ensino on-line durante a pandemia.”

O curso foi produzido por seis dos 13 jovens pesquisadores participantes da ICA; a coordenação de conteúdo foi de Nikki Moore, da Wake Forest University, EUA, Marius Müller, da Universidade Federal de Pernambuco, e Valtteri Arstila, da Universidade de Turku, Finlândia. Também participaram como criadores e expositores Eduardo Almeida, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, David Gange, da Universidade de Birmingham, Reino Unido, e Helder Nakaya, do Instituto de Biociências (IB) da USP. As filmagens do Mooc aconteceram em Ubatuba (SP), em março de 2017, na Base de Pesquisa Clarimundo de Jesus do Instituto Oceanográfico (IO) da USP.

Experiência dos participantes

Dois dos seis pesquisadores envolvidos na produção do Mooc, Eduardo Almeida e Marius Müller, atuarão como coordenadores pedagógicos do curso na plataforma Coursera. Almeida classifica como “incrível” a experiência de produzir o curso, por ter exigido “a conciliação de visões, conhecimentos e interpretações de áreas tão distintas como literatura, matemática, história, psicologia, biologia, física, bioinformática, artes e filosofia, em uma discussão que fizesse um mínimo de sentido para todos os envolvidos”.

Para Müller, foi um processo difícil, “não apenas em relação ao tema, mas também quanto à interação intercultural”. Apesar das dificuldades, ele considera que o trabalho “foi uma grande aprendizagem e bem gratificante”.

A escolha do tema Tempo foi uma vantagem, segundo Almeida, “por ser uma dimensão da existência que perpassa qualquer área do conhecimento e é desafiadora em todas as disciplinas”.

A ICA sobre o Tempo e a produção do Mooc foram patrocinados pelo Itaú Cultural (no âmbito da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência), com apoio de Fapesp, CNPq, Pró-Reitoria de Pesquisa da USP, Frias (Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Freiburg, Alemanha), Wias (Instituto de Estudos Avançados da Universidade de Waseda, Japão) e CAS-LMU (Centro de Estudos Avançados da Universidade Ludwig Maximilian de Munique, Alemanha).
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Fora do Relógio: as muitas faces do tempo
Acesso o curso a partir do dia 14 de abril pelo Coursera USP, neste link ou busque pelo nome do curso em inglês “Off the Clock: The Many Faces of Time”

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Texto adaptado do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP

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