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Com o final dos jogos olímpicos, a cidade do Rio de Janeiro tem tudo para entrar na categoria de “cidade inteligente” devido aos recursos tecnológicos instalados durante a Rio 2016. Essa é a opinião da professora Tereza Cristina Carvalho, do Laboratório de Sustentabilidade (Lassu) da Escola Politécnica (Poli) da USP. “Tudo o que foi instalado na cidade pode se tornar muito útil para a população que mora no Rio de Janeiro”, diz a docente.
Ela explica que foi realizado um grande investimento em tecnologia para hospedar os jogos e classifica esses investimentos em algumas frentes: infraestrutura para captação de imagens/som, transmissão, monitoramento, apresentação e disseminação dos resultados dos jogos em diferentes tipos de dispositivos (painéis nos locais de competição, mensagens de texto para celular, Twitter, entre outros); infraestrutura de mobilidade tecnológica (redes 3G, 4G, wifi) para os espectadores; infraestrutura de serviços públicos, incluindo saúde, hotéis, restaurantes, transportes, governo, bancos e outros; infraestrutura de telecomunicações e Data Centers.
“Toda essa complexa rede de serviços cria a infraestrutura necessária para implantação do paradigma de “cidades inteligentes”, do qual todo cidadão carioca poderá se beneficiar após os jogos olímpicos”, opina a professora.
No conceito de cidade inteligente, o usuário (ou cidadão) pode ter acesso a serviços do governo (como pagamento de impostos, matrícula de crianças em escolas públicas, agendamento de consultas médicas e coleta seletiva de resíduos), além de postos de monitoramento de segurança, serviços de saúde pública ou privada, serviços de transporte público ou privado, entre outros. “Existe uma infraestrutura que poderá servir de base para implantar serviços de cidade inteligente. Logo, o Rio de Janeiro tem como herança poder tornar-se uma referência em termos de cidade inteligente. Existe outra parte do legado tecnológico que será reutilizado em escolas públicas.”
Do ponto de vista ambiental, Tereza Carvalho afirma que o tratamento de esgoto foi melhorado. Em 2014, somente 32% do esgoto era tratado; hoje, cerca de 80% recebe tratamento.
Resíduos e catadores
A professora conta que foi estimado que seriam geradas 3,5 mil toneladas de materiais recicláveis por dia. Para ela, é muito importante incentivar a coleta e o descarte seletivos, e isso foi feito durante os jogos olímpicos. “Inclusive foi estabelecida uma parceria com os catadores de materiais recicláveis nessa coleta, sendo esses responsáveis pela triagem do material recolhido e comercialização da parte reciclável. Isso implica geração de renda a partir do material comercializado e inclusão social dos catadores.”
Ela lembra que o Laboratório de Sustentabilidade (Lassu) da USP desenvolveu um projeto com auxílio da Petrobras e da Caixa Econômica Federal para treinamento e capacitação de catadores para a desmontagem segura de eletroeletrônicos, e consequente aumento do valor agregado das peças dos equipamentos. Entre 2011 e 2015, foram treinados 260 catadores.
De acordo com a professora, a preocupação com o meio ambiente pode ser vista não apenas na participação ativa dos catadores na coleta dos descartáveis, mas também porque alguns dos locais utilizados nas competições serão transformados para poderem ser usados posteriormente pela população carioca e formação de potenciais desportistas.
No Parque Olímpico, por exemplo, a Arena do Futuro será desmontada e transformada em quatro escolas, com capacidade para 500 alunos cada. A infraestrutura restante no parque será utilizada por escolas e para a realização de competições esportivas. Está prevista ainda a construção de uma pista de atletismo e duas quadras de vôlei de praia. Já o estádio aquático será dividido em dois centros. E em Deodoro, parte do complexo ficará sob responsabilidade da Prefeitura e será aberto à população.
Ainda assim, os resultados dos jogos para a preservação ambiental deixaram a desejar: entre as metas que não foram cumpridas, estão a despoluição da Baía da Guanabara, e a Lagoa de Jacarepaguá.
Mais informações: (11) 3091-1092, email lassu@usp.br, com a professora Tereza Carvalho
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