Uso da IA no Instituto de Radiologia da USP permitirá laudos mais ágeis

Giovanni Guido Cerri explica o funcionamento do novo laboratório de IA Generativa, fruto de parceria entre o Centro de Inovação do HC e a Amazon

 15/02/2024 - Publicado há 10 meses

Texto: Redação

Arte: Simone Gomes

Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da FMUSP – Foto: Renato Fontes/Google Maps

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O Centro de Inovação (InovaHC) do Hospital das Clínicas (HC), da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), anunciou novo laboratório de IA Generativa, ferramenta que irá possibilitar ao Instituto de Radiologia a emissão mais ágil de laudos médicos com uso da inteligência artificial. Giovanni Guido Cerri, professor de Medicina da FMUSP e presidente dos conselhos dos Institutos de Radiologia (InRad) e do InovaHC, explica como a ferramenta pode contribuir com pacientes e profissionais da saúde, além de agilizar os processos médicos.

Benefícios

Para o professor, a inteligência artificial é capaz de auxiliar positivamente nos processos médicos. Pensando nisso, o InovaHC anunciou uma parceria com a empresa Amazon para a inauguração de um laboratório de IA Generativa, o qual possui algoritmos em variadas especialidades médicas e pode ser aplicado para melhorar o fluxo de pacientes. O docente conta que, nas consultas médicas, os profissionais desperdiçam muito tempo analisando os prontuários e todo o histórico clínico dos pacientes. Ele afirma que a IA Generativa pode resumir instantaneamente esses dados e reduzir o tempo utilizado nessa etapa do exame.

“Quando o médico faz uma consulta com o paciente, a Inteligência artificial generativa pega todas as informações e transcreve o resumo delas para o prontuário médico e então o médico, após rever as informações, passa de forma definitiva para o prontuário. Isso representa uma economia muito importante de tempo para os médicos e aumenta a eficiência do sistema”, afirma.

Segundo Cerri, a ferramenta também pode apontar ao profissional da saúde alterações nos exames e laudos radiológicos e nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), trazendo mais segurança e precisão no diagnóstico dos pacientes. Nesse sentido, o médico economiza tempo nas fases preliminares e consegue focar nas atividades finais de tratamento e prescrição de remédios.

Giovanni Cerri - Foto: Arquivo Pessoal

Tecnologia na radiologia

De acordo com o docente, ao longo dos últimos anos havia previsões de que a inteligência artificial pudesse substituir os especialistas e profissionais da radiologia, como uma espécie de ameaça. No entanto, ele conta que essa ferramenta tornou-se grande auxiliadora dos profissionais da área, produzindo laudos com mais precisão e aumentando a produtividade e eficiência dos processos clínicos.

O especialista conta que os laudos médicos seguiam a mesma formatação de décadas atrás, quando começaram a ser implementados. Ele conta que a parceria do laboratório com a Amazon proporcionou que a IA Generativa conseguisse modernizar essa produção de laudos, de modo que seguissem os padrões de segurança e de dados exigidos pelas legislações recentes.

“O primeiro grande projeto nessa parceria foi a transformação tecnológica do laudo, já que a radiologia, com a ressonância magnética e medicina nuclear, evoluiu bastante ao longo dessas últimas décadas. Portanto, nós queremos fazer com que o laudo também possa acompanhar essa evolução tecnológica”, informa.

Próximas etapas

Conforme Giovanni Guido Cerri, os processos gerados pela IA Generativa são extremamente complexos e, portanto, são divididos em três fases. A primeira, chamada de pré-laudo, é responsável por fornecer informações rápidas e precisas sobre cirurgias, histórico e exames anteriores dos pacientes, de modo a preservar a eficiência e produtividade das análises clínicas.

Na segunda fase, chamada de elaboração, a IA encontra alternativas para pré-formatar o laudo e incorporar imagens ao documento, com o intuito de permitir ao profissional apenas descrever os principais pontos encontrados. Na terceira e última fase, chamada de pós laudo, a ferramenta busca maneiras de entender como tornar o laudo melhor elaborado para leitura dos médicos e também dos pacientes, já que muitos destes têm acesso aos resultados atualmente, mas não compreendem a linguagem técnica.

“São três fases e nós estamos conversando com a primeira, das informações que tem que chegar para o radiologista para que ele possa elaborar um laudo preciso. Esse projeto vai se desenvolver ao longo do ano e, após esse período, nós imaginamos que poderemos ter já alguma proposta para ajudar a transformar os aproximadamente 30 mil laudos de radiologia que são elaborados por ano dentro do complexo do HC”, conclui.


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