Um filho de Ogum que sonhava em ser filho de Xangô

Grossmann homenageia a coragem, a força e a inquietude de Emanoel Araújo, artista, pensador e fundador do Museu Afro Brasil

 

 14/09/2022 - Publicado há 2 anos
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“Emanoel Araújo nunca se curvou. Galgou com convicção e destemor um percurso ímpar em nossas terras”, comenta o professor Martin Grossmann em sua coluna Na Cultura, o Centro Está Em toda Parte, na Rádio USP. Destaca a trajetória do artista, a dedicação à cultura brasileira, a sua luta pela diversidade e a fundação do Museu Afro Brasil. Cita o texto de Ynaê Lopes dos Santos, doutora em História Social pela USP e professora na Universidade Federal Fluminense. “Nascer no dia da Proclamação da República e morrer no dia em que o Brasil comemorou 200 anos e um dia antes da morte da monarca mais longeva na história não é causalidade, em se tratando de Emanoel Araújo.”

Grossmann reverencia o trabalho do artista, pensador, professor e gestor, que define como um múltiplo ser. “Em texto sincero no site da Deutsche Welle, empresa pública de radiodifusão da Alemanha, Ynaê traça  um perfil esclarecedor desse sujeito inquieto e corajoso que foi Emanoel. Escreve: ‘Quem o conheceu de perto, sabe que não era uma pessoa fácil, podendo se tornar inacessível ou até mesmo inviável para muitos. O jornalista Claudio Leal lembrou de maneira afetuosa que Emanoel era um filho de Ogum que desejava ser filho de Xangô. Talvez essa ambivalência entre a guerra e a justiça e a fina fronteira que as separa se embrenhasse dentro dele, fazendo com que a tempestuosidade e a altivez que o caracterizavam se combinassem em intensidades que, por vezes, atraíam, por vezes, afastavam. É impossível não pensar que sua maré intempestiva fosse parte da armadura que ele precisou talhar para viver, a seu modo, um Brasil espúrio, violento e racista. Um país que insistia em dizer em quais lugares Emanoel poderia e deveria estar'”.

Grossmann pontua o talento do artista. “Emanoel Araújo foi homenageado em 2007 pelo Instituto Tomie Ohtake com a exposição Autobiografia do Gesto, que reuniu obras de 45 anos de carreira, assim como teve esculturas, xilogravuras e cartazes do artista expostos mais recentemente, em 2018, no Museu de Arte de São Paulo”. “No livro em dois volumes coordenado por Walter Zanini e lançado em 1983, História Geral da Arte no Brasil, Emanoel é lembrado como uma referência e citado entre os artistas expoentes seja na gravura, seja na escultura.”


Na Cultura, o Centro está em Toda Parte
A coluna Na Cultura o Centro está em Toda Parte, com o professor Martin Grossmann, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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