O imposto do pecado é uma taxação que incide sobre produtos e atividades nocivos à saúde ou ao meio ambiente. Em um projeto de lei de regulamentação da Reforma Tributária, o imposto do pecado para carros elétricos foi aprovado. Pedro Luiz Côrtes, professor titular da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo, comenta que, para ele, a taxação não foi uma surpresa.
“Já há um lobby se fortalecendo há algum tempo aqui no Brasil contra o carro elétrico, então todos os defeitos possíveis são apresentados: que não tem ponto de recarga, que as baterias consomem lítio e que isso é muito ruim para o meio ambiente. Mas na verdade o carro elétrico, no caso brasileiro, é muito menos poluente do que aqueles movidos a combustíveis fósseis, principalmente, mas também a etanol. Boa parte das nossas fontes de geração de energia elétrica são a partir de recursos renováveis, além dele ser muito menos barulhento. Criou-se um mito de que ele consome muitos recursos naturais na sua produção, o que não é verdade porque ele tem uma quantidade muito menor de peças, a mecânica dele é muito mais simples”, explica.
Na contramão do mundo
Mesmo possuindo alguns pontos negativos, o docente afirma que os impactos ambientais gerados são menores do que aqueles gerados por veículos a combustão. Assim, o Brasil segue na contramão do mundo, que incentiva a adoção de carros elétricos. Ele complementa: “Existe uma indústria de informação relacionada ao carro elétrico que procura distorcer os impactos positivos que ele efetivamente tem. Nós poderíamos ter um incentivo para a adoção dos carros elétricos, especialmente em ambiente urbano, que ajudaria muito a limpar o nosso ar”.
Côrtes ainda compara a preocupação das baterias de carros elétricos com a de celulares, já que cerca de 200 milhões de celulares são descartados a cada cinco anos, com baterias difíceis de serem recicladas. “As baterias no carro elétrico são recicláveis, pela facilidade que se tem de retirar esse equipamento dos carros, pelo tamanho da bateria do carro elétrico. Isso industrialmente é muito mais fácil de ser processado, muito mais interessante, do ponto de vista econômico. O Brasil não tem esse sistema de reciclagem porque o carro elétrico foi recentemente introduzido”, finaliza.
Estagiário sob a supervisão de Marcia Avanza e Cinderela Caldeira
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