Tratamento com células-tronco traz avanços promissores contra diabete tipo 1

Apesar dos efeitos positivos, só é possível falar em cura se a paciente produzir insulina por cinco anos após o transplante

 17/10/2024 - Publicado há 2 meses
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Um artigo recente, publicado na revista Cell, sobre um estudo realizado por chineses mostrou pela primeira vez que uma mulher com diabete tipo 1 conseguiu produzir insulina após um transplante autólogo de células-tronco reprogramadas (IPS, do inglês induced pluripotent stem cells). A paciente de 25 anos recebeu uma infusão de suas próprias células-tronco diferenciadas em células produtoras de insulina nas ilhotas do pâncreas.

Antes do procedimento, os cientistas testaram a segurança e a eficácia dessas células em camundongos e, depois, em macacos. Comprovada a eficácia em estudos pré-clínicos, eles injetaram cerca de 1,5 milhão dessas ilhotas no músculo abdominal da paciente. Dois meses e meio depois, a paciente já estava produzindo uma quantidade de insulina suficiente para não necessitar de infusões constantes e essa produção tem se mantido constante por mais de um ano. Ela não tem mais sofrido as oscilações perigosas que os diabéticos têm com aumento e quedas de glicose no sangue. “Mas, segundo outros cientistas, ela só poderá ser considerada curada se continuar a produzir insulina após cinco anos”, enfatiza Mayana.

Em um estudo anterior, 12 pacientes afetados por diabete tipo 1 haviam sido tratados com células de ilhotas produzidas a partir de células-tronco embrionárias injetadas no  fígado. Três meses depois do transplante, todos eles estavam produzindo insulina, mas estavam tomando imunossupressores. Em outro estudo, as ilhotas foram inseridas com uma proteção contra o ataque do sistema imune e os pacientes estão sendo monitorados sem imunossupressão.  Mas os resultados ainda não são conhecidos.

Apesar de ser um avanço muito importante e promissor, Mayana afirma que é preciso ter cautela. No caso dessa paciente, ela já tomava drogas imunossupressoras, porque havia recebido um transplante de fígado anteriormente, o que poderia minimizar os efeitos de uma rejeição. “Além disso, não podemos esquecer que, na diabete tipo 1, o sistema imune não reconhece as ilhotas como células do próprio corpo e as rejeita. Será que isso não irá ocorrer novamente com as células tronco reprogramadas para produzir insulina?”, questiona.


Decodificando o DNA
A coluna Decodificando o DNA, com a professora Mayana Zatz, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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