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Nesta coluna, o professor Paulo Saldiva externa sua preocupação com o futuro que nos reservam as mudanças climáticas, que, tudo indica, tendem a se acentuar já a partir do ano que vem, quando está previsto um período extremo de seca, principalmente na região Sudeste e em parte do Centro-Oeste. “O cenário não é bom. Algumas regiões, na região de Sorocaba, de Piracicaba, já trabalhamos com níveis de estresse hídrico muito grande, e a Região Metropolitana de São Paulo vai buscar água cada vez mais longe e de forma cada vez mais cara.” Ele observa que, toda vez que a água se torna escassa, sua qualidade  piora. “Nós temos maior concentração dos dejetos que são colocados, porque o diluente, que é a água disponível, se reduz e a gente continua jogando lixo e tratando de forma incompleta os nossos esgotamentos sanitários. Nós também temos na ausência de água as pessoas que vão procurar o que tem e reativar poços que muitas vezes estão contaminados por esgoto ou mesmo resíduos industriais antigos.”

O fato, que ele destaca, é que sempre que acontecem períodos de seca e redução do fornecimento de água “nós temos um aumento de doenças que se transmitem pela água”. E o pior de tudo, segundo Saldiva, é que hoje ainda há pouco a fazer, “a não ser obras de infraestrutura, com reúso de água, e mudança da cultura da população. A água para nós era considerada, por grande parte da população, como bem inesgotável. Ela não vai se esgotar, mas ela vai ficar cada vez mais difícil de usar. Então, as medidas que têm que ser tomadas são construções de novos reservatórios, repensar o uso e principalmente tratar a água com destinação distinta. Ignoramos durante muito tempo e nós vamos nos preparar para um período aonde o acesso à água vai ser um problema que nós temos que já começar a trabalhar e não esperar acontecer. Bom, é isso o que nós esperamos, e com isso o clima vai fazer parte da história natural das doenças que nos afetam e a saúde pode fazer muito pouco. Ela vai ter que tratar as doenças que ocorrerem, a resposta não está, portanto, nos hospitais, ela está nas políticas sistêmicas e aumentar a sustentabilidade da nossa estrutura e nossa mesmo, de mudar os nossos hábitos de consumo”, finaliza.

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