Reunião do G7 está cercada de muita expectativa

Um dos tópicos em discussão, que Pedro Dallari diz ser um item oculto da reunião, tem a ver com o relacionamento dos países mais ricos do mundo com a China

 17/05/2023 - Publicado há 11 meses

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No próximo final de semana acontece em Hiroshima, no Japão, a reunião dos países do G7, que engloba as principais economias do mundo. Realizado desde 1975, trata-se do 49º encontro anual desse grupo de países e está envolto por uma aura muito grande de expectativa, segundo o professor Pedro Dallari. “Neste ano, a expectativa em relação à reunião é maior do que a habitual. O mundo vive um conjunto de crises de grandes proporções, que deverão ser objeto de discussão. Pela importância dos países envolvidos, as orientações que emanam do G7 acabam tendo grande impacto nos rumos da sociedade internacional e dos demais países do globo”, diz Dallari. “Temas como o grave quadro inflacionário que atinge a economia de parte dos principais países do mundo e a aceleração do crescimento dos indicadores do aquecimento global terão que ser enfrentados. E, pelo perfil dos países que reúne, o G7 certamente alertará para a gravidade da situação na Ucrânia, reiterando a condenação da invasão daquele país por tropas russas.”

Como ocorre todos os anos, lembra o colunista, há um conjunto de países convidados a participar da reunião e, desta vez, o Brasil é um deles e será representado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deverá ter participação especial na discussão do tema de segurança alimentar, um dos assuntos em pauta no evento. As preocupações, portanto, são muitas, mas Dallari observa que um item oculto faz aumentar a expectativa em relação à reunião do G7, em Hiroshima.

“Esse item oculto diz respeito ao relacionamento dos países do G7 com a China, país que vem se tornando uma potência cada vez mais poderosa, tanto no plano econômico como no âmbito militar. O governo dos Estados Unidos vem intensificando a polarização com o governo chinês, no que muitos analistas já identificam como uma nova Guerra Fria, reeditando, em novo formato, a divisão do mundo entre Estados Unidos e União Soviética, que prevaleceu na segunda metade do século passado”, diz Dallari, antes de concluir: “A questão que se coloca é saber se na reunião de Hiroshima os Estados Unidos conseguirão influenciar os demais membros do G7 no sentido da adoção de uma posição contrária aos interesses chineses ou se, pelo contrário, sairá fortalecida uma posição de acomodação com a China – e também com a Índia, outra potência emergente -, em favor da valorização de uma abordagem multilateral mais equilibrada para o equacionamento dos graves problemas do mundo. A expectativa é mesmo muito grande”.

O site oficial da reunião do G7, de responsabilidade do governo japonês, contém informações interessantes sobre o evento e as atividades preparatórias. Veiculado nos idiomas japonês e inglês, o site está acessível por meio do link https://www.g7hiroshima.go.jp/en/


Globalização e Cidadania
A coluna Globalização e Cidadania, com o professor Pedro Dallari, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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