Recentemente, a jornalista norte-americana Christiane Amanpour, da CNN, cancelou uma entrevista com o presidente do Irã, Ebrahim Raisi, porque este queria que ela cobrisse a cabeça. A justificativa da jornalista é de que nos EUA, onde ia acontecer a entrevista, não havia lei obrigando a mulher a usar qualquer tipo de traje. Na verdade, como observa o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, o episódio remete à jovem iraniana morta aos 22 anos pela polícia moral iraniana por não estar usando véu, o que gerou grande polêmica e manifestações naquele Estado islâmico. “Isso é importante porque mostra a maneira extremamente autoritária com que os dirigentes do Irã lidam com a imprensa”, comenta o colunista.
Um outro lado da questão, ainda na visão de Lins da Silva, é o fato de a relação entre imprensa e poder ter se alterado dramaticamente neste século 21 em comparação ao século passado e mesmo ao século 19. Mesmo aqui, no Brasil, isso é visível no comportamento do presidente Jair Bolsonaro, o qual, em seus quase quatro anos de mandato, concedeu poucas entrevistas aos meios de comunicação jornalísticos, preferindo se manifestar por meio de redes sociais. E o mesmo tem ocorrido em outros países, como no próprio EUA da época de Donald Trump. Quem perde com isso, na opinião do colunista, é a sociedade, “porque o contraditório e o questionamento que o jornalista independente pode oferecer é saudável para a democracia, é saudável para que as pessoas saibam melhor quem as governa e quem detém o poder”.
Horizontes do Jornalismo
A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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