Reflorestamento é algo positivo para a produção agrícola

Segundo o professor e pesquisador Ricardo Ribeiro Rodrigues, novas políticas públicas devem ser pensadas para questões ambiental e agrária

 18/05/2023 - Publicado há 2 anos
O projeto pensa em formas de interligar áreas agrícolas por meio do reflorestamento e de corredores ecológicos – Foto: Grégory Antony/Corredor Caipira
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O Prêmio Frontiers Planet (Fronteiras Planetárias), que reconhece pesquisas que ofereçam soluções com maior potencial para ajudar a manter o sistema terrestre dentro de pelo menos uma das nove fronteiras planetárias, foi entregue ao pesquisador e professor Ricardo Ribeiro Rodrigues do Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP. O professor é responsável por coordenar um grupo de pesquisa que já restaurou cerca de 50 mil hectares de floresta. O programa teve início há cerca de 25 anos e tem como objetivo principal promover o aumento da produtividade agrícola em áreas com maior aptidão e restaurar florestas em áreas com menor produtividade.

Ricardo Ribeiro Rodrigues – Foto: Gerhard Waller/ESALQ-USP

No início, a pesquisa tinha como objetivo resolver questões a respeito da falta de florestas em certas regiões, nas condições que são exigidas pela legislação nacional. Assim, o Programa de Adequação Ambiental e Agrícola das Propriedades Rurais passou a funcionar em um número maior de propriedades para solucionar problemas relacionados à necessidade do reflorestamento nacional e produtividade agrícola. “Os proprietários pagam bolsas e outros custos para os alunos de graduação, mestrado e doutorado para que seja realizado um diagnóstico da propriedade. Esse é feito, inicialmente, a partir de imagens aéreas e depois com realização de uma checagem de campo”, explica Rodrigues.

Os estudantes oferecem a proposição das adequações ambientais e agrícolas para restauração do ambiente; dessa forma, o projeto pensa em formas de interligar esses locais por meio do reflorestamento e de corredores ecológicos. Além disso, também são indicadas as melhores áreas agrícolas para os produtores, sendo interessante notar que as áreas menos produtivas para a produção podem ser utilizadas para o reflorestamento.

Rodrigues comenta que o Brasil é um país caracterizado pela grande quantidade de alimentos produzidos. Contudo, essa produção precisa passar a ser feita com maior planejamento agrícola e de forma ambiental, assim, o proprietário rural precisa ser mais bem informado a respeito dessas questões para a garantia do funcionamento do programa ambiental. 

Reflorestamento 

É interessante notar que as discussões sobre as questões ambientais não são antagônicas às questões de produtividade. O professor explica que, na realidade, essas temáticas deveriam passar a ser tratadas de forma complementar. “Com o planejamento ambiental e agrícola, todo mundo ganha. Não estamos falando de restaurar as áreas de maior aptidão, essas devem ser usadas para produção. O que nós podemos fazer é restaurar as áreas marginais, beneficiando a questão ambiental e também a produtividade.”

Rodrigues utiliza, como exemplo, o caso dos polinizadores, que, a partir do reflorestamento de algumas áreas, podem auxiliar na produção agrícola do proprietário, além de auxiliar no combate contra inimigos naturais que poderiam danificar a produção em questão. 

Outro aspecto que pode ser analisado dentro dessa temática é a economia florestal. O professor explica que o projeto é capaz de auxiliar a geração de empregos com um valor de  cerca de 0,42 empregos por hectares de restauração. Além disso, a economia também pode ser pensada por meio de uma perspectiva de aproveitamento, já que a produção agrícola em boas condições costuma fornecer um retorno financeiro maior que a pecuária de baixa produtividade em áreas marginais, por exemplo.   

Para que a questão consiga ser solucionada, o número de políticas públicas efetivas precisa ser solucionado, juntamente com o acompanhamento de campanhas que orientem e estimulem o agricultor a aderir a essas mudanças. 


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