O mundo tem cerca de 43 milhões de crianças obesas

Professor Hugo Tourinho Filho fala sobre as principais causas e como a tecnologia pode ser aliada no combate a obesidade

 02/01/2018 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 16/02/2018 as 13:14
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No mundo, cerca de 43 milhões de crianças são obesas e 92 milhões estão com sobrepeso afirma o professor Hugo Tourinho Filho da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP. Ele é o entrevistado do programa Saúde sem Complicações desta semana.

O professor conta que são considerados obesos aqueles com Índice de Massa Corporal (IMC), divisão do peso pela altura ao quadrado, acima de 30kg/m2. “O excesso de gordura e obesidade é algo que impacta diretamente a qualidade de vida das pessoas. Por isso, mais do a questão estética é um problema de saúde pública”.

As causas são complexas e multifatoriais, mas sedentarismo e hábito alimentar são algumas delas. Tourinho Filho revela que dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) apontam que durante três meses 46% da população brasileira não realizaram esforço físico. E explica que essa pesquisa não refere-se ao exercício físico, mas sim a atividade que é o gasto calórico sem planejamento, por exemplo, um carteiro em seu trabalho.

Outro fator que contribui para a obesidade é a tecnologia, porque muitas pessoas preferem usar elevador, escada rolante e controle remoto, por exemplo. “Todos esses fatores contribuem para que a obesidade se torne uma epidemia mundial”. Além disso, o professor afirma que a cultura de que criança “gordinha” é saudável na verdade é preocupante.

Na EEFERP no Campus da USP em Ribeirão Preto o Projeto Jogando pela Vida usa a tecnologia para reverter esse quadro e devolver autoestima e confiança e, ainda, estimular a atividade física para crianças obesas ou com sobrepeso. O professor é coordenador desse projeto e conta que o videogame permite que os participantes saltem, corram, levantem, abaixem e desviem de obstáculos com vários jogos que envolvem aventura, atletismo, dança e outros esportes.

Para as aulas que são abertas ao público externo há planejamento e são  realizadas em laboratório no Ginásio de Esportes da Escola. De acordo com o professor, o projeto foi criado para que os participantes, ao sair da sala, se sintam estimulados, o que pode ser facilitado com a convivência  com outras crianças realizando esportes. “A ideia do projeto é perder peso? Não, é para ser feliz e perder peso é consequência”.

Apesar de considerar que essa prática não é a solução para o problema, Tourinho Filho afirma que pode devolver o prazer na prática regular de exercícios e que, aliado ao projeto, os participantes praticam outros esportes. Além disso, percebeu que as experiências positivas revelaram o aumento da autoestima e da confiança.

Para o professor, o fator emocional também impacta na obesidade e cita uma pesquisa de mestrado em Psicologia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP que avaliou por doze semanas as crianças do projeto. O estudo já percebeu que crianças, entre 7 e 10 anos que não são obesas, são insatisfeitas com o próprio corpo. “Imagina para a criança obesa. A obesidade causa ansiedade, depressão e até sentimento de exclusão”.

Sobre o exercício nas escolas, ele ressalta que essa prática é importante para o exercício de cidadania como aprender a trabalhar em equipe, a perder e ganhar, a respeitar regras e os colegas, a entender os pontos fracos e fortes e até princípios éticos. “As escolas estão perdendo a oportunidade de usar uma das principais armas na formação do cidadão”. Além disso, a prática esportiva é importante para combater diversas doenças como as cardiovasculares que podem ser causadas pelo sedentarismo.

O programa Saúde sem Complicações é produzido e apresentado pela locutora Mel Vieira e pela estagiária Giovanna Grepi, da Rádio USP Ribeirão, com trabalhos técnicos de Mariovaldo Avelino e Luiz Fontana e direção de Rosemeire Soares Talamone.

Por: Giovanna Grepi


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