“Manhã com Bach” refaz percurso de Bach, de Weimar a Leipzig

Obras dos três períodos mais produtivos da vida do compositor são exibidas no programa

 14/10/2017 - Publicado há 7 anos
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Músicas representativas dos três períodos mais produtivos da vida profissional do compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750) – transcorridos na corte de Weimar, na corte de Köthen e na cidade de Leipzig – foram apresentadas na edição de Manhã com Bach que foi ao ar nos dias 14 e 15 de outubro de 2017 pela Rádio USP (93,7 MHz). Ouça nos links acima a íntegra do programa.

Na corte de Weimar

Em Weimar, na Turíngia, leste da Alemanha, Bach trabalhou como músico a serviço do príncipe Wilhelm Ernst durante nove anos e meio, entre 1708 e 1717. Ali nasceram seus primeiros filhos com sua primeira esposa, Maria Barbara Bach, entre eles dois que se tornariam grandes músicos, Wilhelm Friedemann Bach e Carl Philipp Emanuel Bach.

A primeira cantata secular de Bach, Was mir behagt, ist nur die muntre Jagd, “O que me agrada é só a alegre caça” (BWV 208), conhecida como Cantata da Caça, foi composta nos anos em que Bach passou em Weimar. São dessa época também algumas cantatas sacras, entre elas a belíssima Ich hatte viel Bekümmernis, “Eu tive muitas aflições” (BWV 21).

Mas a principal produção de Bach em Weimar foi sua obra para órgão. O príncipe Wilhelm Ernst era um luterano fervoroso e queria que Bach compusesse obras para serem executadas no órgão da capela barroca que ele mantinha em sua corte. O resultado foi que, ao longo dos quase dez anos em que atuou em Weimar, Bach compôs a maior e melhor obra para órgão da história da música.

Como exemplo dessa obra extraordinária para órgão composta por Bach em Weimar, o programa apresentou a Tocata, Adágio e Fuga em Dó Maior (BWV 564), na interpretação do organista holandês Ton Koopman, à frente de um órgão Garrels do século 18, instalado na Grote Kerk, uma igreja protestante de Maasluis, na Holanda.

Na corte de Köthen

Bach deixou a corte de Weimar em dezembro de 1717 e se transferiu para a corte de Köthen, na Saxônia, também no leste da Alemanha. Ele tinha sido contratado pelo príncipe Leopold von Anhalt-Köthen, seu patrão e amigo, para dirigir a excelente orquestra da corte. Ali ele viverá por cinco anos e meio, de 1717 até 1723.

A produção de Bach, na corte de Köthen, se volta então para a música instrumental, a fim de atender à orquestra do príncipe Leopold.

É assim que surgem os seis Concertos de Brandenburgo, as seis Suítes para Violoncelo, as Suítes Orquestrais, as Suítes Francesas e várias outras obras da mais alta qualidade.

Em Köthen Bach começa a ter preocupações didáticas e compõe o primeiro volume de Das Wohltemperierte Klavier, o “Teclado Bem Temperado”, para ensinar a arte do teclado. E também produz algumas cantatas, como Durchlauchtster Leopold, “Sua Alteza Leopold” (BWV 173a), composta para comemorar o aniversário do príncipe Leopold.

Também em Köthen, morre a sua esposa Maria Barbara. Um ano e meio depois, ele se casa em segundas núpcias com Ana Madaglena Wilcken, cantora na corte de Köthen, com quem viverá até o fim da vida e terá 13 filhos. Dois deles se tornarão também grandes músicos: Johann Christoph Friedrich Bach e Johann Christian Bach.

Para dar uma ideia da música que Bach compõe predominantemente na corte de Köthen – música instrumental –, Manhã com Bach exibiu a Sonata para Trio em Sol Maior (BWV 1039), datada de 1720. A interpretação foi de Nikolaus Harnoncourt, no violoncelo, Frans Brüggen e Leopold Stastny, na flauta, e Herbert Tachezi, no cravo.

Em Leipzig

Em Leipzig, Bach foi contratado para atuar como Kantor – regente e diretor musical – da Igreja luterana de Saint Thomas e como diretor de música da cidade.

Ele vai exercer essas funções por 27 anos, desde 1723 até sua morte, em 1750.

Ali Bach tem várias tarefas: ele precisa compor cantatas para serem apresentadas nos cultos dominicais, reger o tradicional coro de meninos da Igreja de Saint Thomas e ainda cuidar da música apresentada nas outras igrejas de Leipzig, entre elas a Nikolaikirche, a Igreja de São Nicolau.

É por isso que grande parte da sua produção, nessa época, se constitui de cantatas sacras. Houve anos em que Bach chegou à inacreditável marca de uma cantata composta por semana.

Entretanto, em Leipzig Bach não compôs apenas música religiosa. Na década de 1730, paralelamente ao trabalho nas igrejas, ele dirigiu o Collegium Musicum de Leipzig, uma associação de amantes da música que se reunia semanalmente para apreciar essa arte.

Para o Collegium Musicum, Bach compôs muita música instrumental e também algumas cantatas seculares, entre elas a cantata Schweigt stille, plaudert nicht, “Calai-vos quietos, não converseis” (BWV 211), conhecida como Cantata do Café.

Como uma obra representativa da atuação de Bach em Leipzig, o programa apresentou a cantata Ich liebe den Höchsten von ganzem Gemüte, “Eu amo o Altíssimo do todo o meu ser” (BWV 174), composta em 1729.

Essa cantata começa com uma sinfonia, que reproduz o primeiro movimento do Concerto de Brandenburgo Número 3 (BWV 1048). Como nota o musicólogo alemão Alfred Dürr, esse movimento teve a roupagem instrumental enriquecida com o acréscimo de duas trompas e um coro de oboés e cordas.

Ela foi apresentada em Manhã com Bach na interpretação do Tölzer Knabenchor, sob a direção de Gerhard Schmidt-Gaden, e do Concentus Musicus Wien, com a regência de Nikolaus Harnoncourt.

Manhã com Bach vai ao ar aos sábados, às 9 horas, com reapresentação no domingo, também às 9 horas, inclusive via internet, pela Rádio USP (93,7 MHz).

 

 

 

 


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