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Na coluna de hoje, dia 7 de agosto, o professor Pedro Dallari comenta a situação da Venezuela sob o ponto de vista do drama humanitário. A Venezuela é uma ditadura e a eleição de 28 de julho, que teria dado a vitória a Nicolás Maduro, foi evidentemente fraudada, o que se explica pelo simples fato de o Conselho Nacional Eleitoral não ter divulgado as atas de votação com os números de votos colhidos em cada urna.

Entretanto, segundo Dallari, a preocupação com a preservação dos venezuelanos recomenda cautela na posição a ser assumida pelo Brasil e por ouros países diante da grave situação política.”É um quadro grave e preocupante. Nesse contexto de gravíssimas violações a direitos humanos, é muito importante que o Brasil e outros países importantes tenham cautela no sentido de que suas posições não exponham mais ainda os venezuelanos. O fato, por exemplo, de o Brasil ter assumido a representação [diplomática] da Argentina e do Peru na Venezuela, de maneira a estender a proteção do Brasil às pessoas que se encontravam asiladas naquelas embaixadas, foi muito importante. Então, me parece que essa deve ser a principal preocupação neste momento, mais do que considerações geopolíticas”, afirma. 

O professor elenca dados a respeito do quadro trágico dos direitos humanos naquele país: com cerca de 30 milhões de nacionais, há 8 milhões de venezuelanos em outros países; segundo o próprio governo, mais de 2 mil pessoas foram presas por conta das manifestações ocorridas desde a eleição de 28 de julho; organizações de direitos humanos informam já serem 20 os mortos em razão da repressão policial.

“A Venezuela é uma ditadura e houve uma fraude eleitoral. Se Nicolás Maduro realmente tivesse ganho as eleições, como ele sustenta, a Comissão Nacional Eleitoral já teria disponibilizado as atas de votação. O fato de que os documentos não foram exibidos é a comprovação evidente que ele perdeu a eleição, como sustenta a oposição. O problema é que ele mantém o controle do território, mantém ascendência sobre o aparelho de Estado, sobre as Forças Armadas, e, apesar da fraude, e a curto prazo, a tendência é que ele se mantenha no poder. No prazo mais longo, a evolução vai depender justamente da resistência da população”, considera.

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