O leilão, promovido pelo governo federal, de boa parte do patrimônio histórico e artístico do País é o tema desta coluna do professor Guilherme Wisnik, que foca seu comentário no Palácio Capanema, incluído nesse processo de liquidação, o que, para o colunista, nada mais é do que um sintoma do que é esse governo, “um governo com uma agenda absolutamente destrutiva, não construtiva. O que eles querem é acabar com tudo e, nesse sentido, a guerra cultural é muito importante”. Para Wisnik, ao atacar o patrimônio histórico nacional, o governo mostra-se inteligente, do ponto de vista das pessoas que comungam com o desejo de transformar o Brasil em terra arrasada.
Na sequência de sua análise, Wisnik fala da importância do Palácio Capanema para a arquitetura moderna, citando os grandes nomes por trás de sua concepção e do que o edifício representou em sua época, ao contribuir para elevar o status da arquitetura nacional para o mundo. “A construção de Brasília foi o coroamento desse processo, dessa imaginação de um outro país que não era mais aquele país com os travos do atraso colonial e da opressão, país que justamente volta agora e coloca esse próprio monumento à venda num leilão, com seus móveis e com tudo – o que, se realizado, é uma tragédia monumental para o nosso país.”
Wisnik conclui observando que o Brasil já quis ser outro, mais moderno, e esse continua pairando junto deste outro Brasil medíocre, tacanho, mesquinho. “E essa guerra é a guerra na qual nós estamos, e precisamos fazer com que o outro Brasil, de alguma maneira, volte.”
Espaço em Obra
A coluna Espaço em Obra, com o professor Guilherme Wisnik, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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