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Em sua coluna Conflito e Diálogo, Marília Fiorillo, professora de Filosofia Política e Retórica na Escola de Comunicações e Artes da USP, comenta sobre Putin e o seu projeto expansionista.

De acordo com Marília, “as declarações do chanceler russo, Sergey Lavrov, na Turquia, seriam uma lição de si mesmo se não fosse pelo primarismo, mentiras desmentidas por imagens factuais e a truculência com jornalistas incômodos. Lembrou muito um líder sul-americano em seu cercadinho.”

A professora critica a postura da Rússia nos recentes conflitos: “A gente sabe que a Rússia sempre cumpre a palavra, por exemplo, como quando garantiu há três semanas que nunca invadiria a Ucrânia, só a novilíngua e o duplo pensar de George Orwell explicam tal grau de falsificações, mas quem conhece Lavrov já sabia. Durante o genocídio sírio, cada vez que ele participava de conversações de paz com o americano Kerry, os russos jogavam o triplo de bombas sobre os civis sírios; na época, e agora, a Rússia de Putin é fiel a si mesma.”

Os posicionamentos da esquerda nos últimos anos são contraditórios. “O assombroso, porém, é que parcelas e partidos da autointitulada esquerda mundial se encantam com o discurso de Putin. O mundo mudou e a autointitulada esquerda percebeu, discorrendo eloquentemente sobre a ascensão da Eurásia, só esqueceram de atualizar o velho mantra: ‘É tudo culpa do imperialismo americano e foram os Estados Unidos que começaram a guerra”.

A professora ainda levanta um questionamento: “Como explicar essa fidelidade afetuosa a Putin? A esquerda provém de uma tradição humanista, que valoriza a vida, a solidariedade, a luta contra a exploração de pobres e oprimidos, o anticapitalismo e o anti-imperialismo. O cruel plutocrata e expansionista Putin e a sua política são o oposto simétrico desses valores…confuso, não?”.

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