Poluição sonora causa grande impacto na vida das grandes metrópoles

Especialistas relatam os malefícios desse tipo de poluição, que causa mais de 12 mil mortes prematuras somente na Europa

 12/09/2024 - Publicado há 5 meses
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Já existe legislação para combater a emissão de sons muito altos e a poluição sonora nas metrópoles, mas na prática a fiscalização não é observada – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
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Quando falamos em poluição, logo pensamos em descarte irregular de dejetos nos rios e corpos d’água ou na emissão de gases de efeito estufa na atmosfera. Mas um tipo de poluição que é muito presente na vida urbana, e muitas vezes é esquecido no debate, é a poluição sonora. Teddy Yanagiya, mestre em Acústica Urbana pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, explica melhor sobre a emissão, as consequências e como combater a poluição sonora.

Teddy Yanagiya – Foto: Linkedin

O pesquisador relata que poluição sonora é um assunto ainda pouco pesquisado no Brasil e há poucos dados sobre as cidades brasileiras. Contudo, estudos de outros países, principalmente os europeus, mostram que os ruídos excessivos causam grande impacto para a vida na metrópole. “Um estudo publicado em 2020 mostrou que o número de pessoas impactadas por níveis de ruídos superiores a 55 decibéis é de aproximadamente 140 milhões na Europa e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, qualquer som que ultrapasse 50 decibéis já pode ser considerado nocivo”, conta Yanagiya.

A OMS já considera poluição sonora o segundo tipo mais nocivo de poluição, atrás apenas da contaminação do ar. Segundo a Agência Europeia do Meio Ambiente, sons que alteram a condição normal de audição causam por ano 12 mil mortes prematuras e 48 mil novos casos de problemas cardíacos por ano apenas no Velho Continente.

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Ruído sem significado

Miguel Hyppolito – Foto: Linkedin

Miguel Hypolito, doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, explica que ruído é um som que não tem significado para o nosso cérebro, mas esse som altera as condições normais da audição e pode causar uma série de situações clínicas. A poluição sonora, segundo Hypolito, traz consequências não só para os humanos mas também para os animais: “Causa aumento nos níveis de estresse, atrapalha os instintos de caça dos animais. Em humanos, os ruídos atrapalham a comunicação e podem causar problemas no nível de audição dos indivíduos, dependendo do tempo de exposição”.

As consequências mais graves dos ruídos excessivos envolvem dor de cabeça, agitação respiratória e aumento da frequência cardíaca e pressão arterial, o que aumenta o risco de infartos e outros problemas cardiorrespiratórios.

Paulo Artaxo – Foto: Arquivo pessoal

Um problema de regulação

Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, explica que existe legislação para combater a emissão de sons muito altos e a poluição sonora nas metrópoles, mas na prática a fiscalização não é observada: “Existe legislação em relação a bares, restaurantes e veículos automotores, por exemplo, mas basta ficar um minuto nas Marginais de São Paulo que você percebe motocicletas fazendo ruído muito acima do permitido pela legislação”, conta Artaxo.

“A fiscalização é praticamente inexistente, e isto, obviamente, não pode acontecer porque a lei está aí para ser cumprida. A gente espera que a fiscalização sobre a questão dos ruídos urbanos seja mais efetiva, para trazer um mínimo de conforto para a população nessa área em particular”, completa Artaxo. 

*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo


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