Um estudo recente, baseado em bancos de dados populacionais de cerca de 100 mil indivíduos no Reino Unido, mostrou que a combinação de uma história de infecções com a exposição à poluição relacionada ao tráfego de veículos aumentou o risco de Alzheimer em 177% em pessoas entre 60 e 75 anos. Isso sugere que esses fatores podem atuar de forma sinérgica, agravando os danos no cérebro. Segundo os pesquisadores, a poluição do ar e infecções sistêmicas poderiam levar a processos inflamatórios crônicos, comprometendo a barreira hematoencefálica, deixando o cérebro mais suscetível à neurodegeneração, o que explicaria, em parte, essa relação.
O estudo destaca a importância de abordagens preventivas que combatam múltiplos fatores de risco ao mesmo tempo. Por exemplo, políticas públicas que reduzam a emissão de poluentes, como a regulamentação de veículos e o incentivo ao transporte sustentável, são essenciais. Paralelamente, estratégias de saúde pública para prevenir infecções, como programas de vacinação e controle de doenças infecciosas também são fundamentais. O estudo sugere que, ao atuar simultaneamente sobre esses fatores, podemos potencialmente prevenir muitos casos de Alzheimer antes que a doença chegue ao estágio clínico. Além disso, essas medidas são particularmente relevantes no Brasil, onde a alta densidade populacional em áreas urbanas amplifica os impactos da poluição. Outros fatores de risco para doença de Alzheimer incluem hipertensão, depressão, distúrbios do sono, traumatismo craniano e também genes, incluindo o ApoE4 e o polimorfismo de nucleotídeo único rs6859.
O minuto do Cérebro
A coluna O minuto do Cérebro, com o professor Octávio Pontes Neto, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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