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De regresso à cidade de Xangai após uma ausência de 20 anos, a professora Raquel Rolnik se surpreendeu com as mudanças pelas quais passou, uma transformação radical, como ela classifica em sua coluna. “É uma coisa muito impressionante a quantidade de distritos novos que Xangai desenvolveu ao longo desses 20 anos”, o que ela atribui ao poder do planejamento e ao financiamento de leilões de terras públicas. “A reforma implicou que os municípios poderiam fazer leilões da terra onde tinham projetado uma nova infraestrutura, e o setor privado, nesses leilões, veio pagando o arrendamento dessas terras e com esse recurso eles fizeram a infraestrutura pública e o desenvolvedor imobiliário implanta exatamente aquilo que estava definido no plano”, numa operação que dá recursos para as Prefeituras e, ao mesmo tempo, controla o desenvolvimento urbano.

A colunista constata, porém, que esse modelo está, no momento, em crise, por duas razões: a diminuição da migração, que era muito grande em direção às cidades, e as dificuldades econômicas enfrentadas pelos grandes investidores de expansão urbana, que não estão conseguindo pagar seus empréstimos. “Esse modelo, neste momento, não vai mais conseguir se sustentar e essa é a grande pergunta, porque exatamente neste momento eles estão expandindo toda a transformação da infraestrutura em função da questão climática: o da matriz energética, recolocar completamente a relação com a água, e aí a pergunta que não quer calar é: como farão com essa situação do ponto de vista financeiro neste momento?”

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