Nesta edição do Ciência e Esporte, o professor Paulo Santiago fala sobre o limite ético na coleta de dados para avaliação do desempenho de atletas profissionais. Em artigo publicado recentemente, pesquisadores australianos levantam a discussão sobre o monitoramento de dados desses atletas 24 horas, sete dias por semana, o que pode gerar, de acordo com os resultados do estudo, invasão de privacidade. Os pesquisadores australianos afirmam que “muitas vezes, alguns dados nem são úteis para avaliar o desempenho do atleta e acabam expondo questões íntimas”.
Outro aspecto, levantado no estudo, diz Santiago, é em relação à privacidade desses dados, pois são colocados em grandes datacenters em nuvens e, muitas vezes, sem total controle. O artigo também discute a questão ética profissional, uma vez que é comum a substituição de fisiologistas, fisioterapeutas, biomecânicos, por cientistas de dados.
Essa discussão, diz Santiago, de forma muito pertinente, mostra até onde os dados realmente contribuem para o melhor desempenho dos atletas, ou até onde a coleta de dados acaba não trazendo nenhum resultado positivo, mas acaba expondo questões íntimas dos atletas. “O grande volume de informações muitas vezes é irrelevante, pois não atende o que realmente interessa para o atleta, que é prevenir lesões e melhorar o desempenho.”
Por outro lado, Santiago lembra que existem iniciativas bem sucedidas para que os dados íntimos ou questões sensíveis não sejam expostas e que estabeleçam um limite tolerável para a coleta de dados de atletas.
Ciência e Esporte
A coluna Ciência e Esporte, com o professor Paulo Santiago, vai ao ar quinzenalmente sexta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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