A coluna Diplomacia e Interesse Nacional desta semana trata da tendência de confronto entre China e Estados Unidos, que, segundo o embaixador Rubens Barbosa, foi acelerada pela pandemia da covid-19.
Ele explica que, na prática, trata-se de uma luta pela hegemonia global no século 21, mas, diferentemente da Guerra Fria, não é ideológica nem uma disputa pelos modelos políticos. “A competição está dada nos planos comercial, tecnológico e, mais recentemente, da saúde. A China, para o establishment americano é a ameaça central, expressão recentemente utilizada por Mike Pompeo, secretário de Estado dos EUA, em um depoimento no Congresso”, aponta.
A China é, dessa forma, vista como uma ameaça à segurança nacional pela sociedade, mídia e pelo governo americano. O colunista destaca dois aspectos das implicações dessas tensões. Segundo ele, em termos geopolíticos, essa competição mostra-se mais aguda no extremo Oriente em razão da forma como a China está ocupando Hong Kong, com a nova lei de segurança, de toda a ação chinesa no mar ao Sul, as ações nas costas do Vietnã e da Malásia, das questões da exploração de petróleo nessas regiões e dos atritos que isso gera.
“Outra consequência interessante”, completa Barbosa, “é a aproximação, além da aliança estratégica, de inteligência entre cinco países: Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido, Canadá e, agora, a possibilidade de incorporar o Japão nessa área de inteligência”. Segundo ele, a ampliação dessa relação econômica para uma espécie de área de livre-comércio pode dividir o mundo e exigir lealdades em setores de todas as regiões, em termos comerciais e tecnológicos. “Países europeus e alguns asiáticos ainda resistem. Vamos ver se essa crise, se essa divisão, se essa nova Guerra Fria chega à América Latina”, finaliza o colunista.
Diplomacia e Interesse Nacional
A coluna Diplomacia e Interesse Nacional, com o professor Rubens Barbosa, no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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