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Casos de remissão do HIV podem auxiliar com novas pesquisas
Jorge Simão Casseb diz que é “um tratamento eficiente que custa muito caro, mas que do ponto de vista de saúde pública e individualmente funciona”
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Human Immunodeficiency Virus (HIV-1) – Foto: Wikipédia
Um paciente suíço teve a remissão do vírus do HIV após a realização de um transplante de medula óssea para o tratamento de uma grave leucemia. O paciente de Genebra, apelido atribuído ao indivíduo, pode ser a sexta pessoa a ser efetivamente curada do vírus da imunodeficiência humana. A comunicação foi feita durante a Conferência IAS sobre Ciência do HIV, ocorrida neste mês, na Alemanha.
Jorge Simão Casseb, professor e coordenador do Núcleo de Apoio à Pesquisa do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo, explica que a continuidade do tratamento segue sendo um dos caminhos essenciais para a remissão da doença.
Caso
![202217_jorge_casseb Jorge Simão Casseb - Foto: NAP – Retrovírus/USP](https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/elementor/thumbs/202217_jorge_casseb-pkniadu32c4mtt471agmh98zyusuqgv62shpvcert0.png)
Entre os diferentes casos de pacientes curados, é possível observar uma importante semelhança: todos apresentavam leucemia — câncer que ocorre na formação das células sanguíneas —, e se beneficiaram do transplante de células-tronco. O especialista explica que, normalmente, o HIV infecta células que apresentam receptores do tipo CD4, e que uma diferença do caso mais recente para os anteriores é o fato de que, durante o transplante dos outros cinco pacientes, foi inserida uma célula que não apresentava um coreceptor, o CCR5. Assim, o ciclo viral não conseguia ser completado.
No caso atual, houve somente o tratamento em si e não a modificação do vírus. Mas Casseb chama a atenção para o fato de que não se pode afirmar que se trata da cura: “Como nós temos previamente mostrado, nos casos em que você para de tomar o medicamento, o vírus volta a se multiplicar e, neste caso, até o momento não voltou”.
O professor destaca ainda que a ciência e a saúde pública vêm trilhando bons caminhos na busca de uma solução para a questão, mas o Brasil segue com 1 milhão de pessoas que são portadoras da doença e, mesmo com um bom aparato que é referência no mundo, temos 40 mil casos e 11 mil mortos todos os anos. Grande parte desses casos estão associados à falta de adesão ao tratamento, diagnóstico tardio e falta de procura de ajuda.
“O grande problema é que o vírus fica escondido no nosso sistema imunológico, no sistema nervoso central, no nosso intestino. Então, uma vez que o indivíduo para de tomar o medicamento, o vírus volta a aparecer”, explica o especialista. As novas estratégias de tratamento mais avançadas procuram utilizar medicamentos injetáveis a cada dois meses, facilitando a continuidade do tratamento.
Potencial
Outro aspecto a ser analisado sobre o caso é o seu potencial para influenciar novas pesquisas sobre o tema. Assim, o especialista reforça mais uma vez que os pacientes que tomam a medicação corretamente apresentam a carga viral controlada. “Do ponto de vista prático, você tem um tratamento eficiente que custa muito caro, mas que do ponto de vista de saúde pública e individualmente funciona.”
As pesquisas que tentam produzir vacinas seguem acontecendo, mas nenhuma funcionou até o momento em decorrência da dificuldade de combater o vírus. Atualmente, o foco é utilizar o tratamento para evitar o avanço do vírus. Além disso, o grande desafio na busca por uma cura é encontrar o vírus nos reservatórios — local em que o vírus não se multiplica — , assim ele fica integrado ao genoma humano e os anos passam com a carga viral zerada.
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