Os museus estão abertos ao experimento, ao diálogo e ao debate crítico

Grossmann comenta a origem da curadoria e as mudanças que ocorreram entre os principais equipamentos culturais

 26/08/2020 - Publicado há 4 anos
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“Na semana passada, abordamos o tema do livro do inglês Michael Bhaskar, Curadoria: o poder da seleção no mundo do excesso, lançamento das Edições Sesc”, comenta Martin Grossmann em sua coluna Na Cultura, o Centro Está em Toda Parte, na Rádio USP (clique e ouça o player acima). “Bhaskar argumenta com clareza e com destreza que a curadoria está no centro de uma nova economia na contemporaneidade.”

Na coluna desta quarta-feira, Grossmann continua abordando o tema, porém, destaca a sua origem. “Acho importante voltar para a gênesis da curadoria, que tem um período muito claro na história, principalmente da arte no século passado e uma relação direta com as vanguardas, uma vez que a curadoria nasce de uma relação com a produção e com a estrutura das artes e da cultura que começam a ser moldadas no pós-guerra.”

Nesta retrospectiva, o colunista comenta que as transformações, mutações e revoluções da arte e de seus conceitos são bastante conhecidos e sempre associados com a ideia da vanguarda no século 20. “Quero explorar brevemente com os ouvintes/leitores as mudanças institucionais que ocorreram entre os principais equipamentos culturais, como os museus, que se transformam em laboratórios e verdadeiros locais abertos ao experimento, ao diálogo e ao debate crítico.”

O colunista lembra o escritor e pensador francês André Malraux. “Ele idealizou o Centro Cultural na França no pós-guerra, trazendo para os equipamentos culturais as produções variadas que possibilitaram encontros dos vários artistas que atuam nas artes cênicas, música, artes visuais e suas relações também com o espaço, uma vez que a arquitetura também se transforma e se adequa a essas novas necessidades.”

Entre os primeiros curadores, cita um nome central na Europa. “Pontus Hultén vem do Moderna Museet, na parte central de Estocolmo, e conquista a França, uma vez que foi o primeiro diretor do Centro Georges Pompidou. Esse importante centro cultural da cidade de Paris é talvez o mais conhecido de todos nós, o Beaubourg. Hultén sai de uma prática já experimental no Museu de Arte Moderna de Estocolmo e amplia, radicaliza essa sua noção de arte, atuação e instituição em Paris.”

Outro nome importante é o suíço Harald Szeemann. “Ele vai para a Alemanha e organiza, em 1972, a exposição Documenta, em Kassel, na Alemanha, considerada uma das mais importantes mostras de arte contemporânea e moderna do mundo”, comenta Grossmann. “Essa transformação do conceito de arte tem uma relação direta com os espaços de exposição, espaços de diálogo e divulgação da arte.”

 


Na Cultura, o Centro está em Toda Parte
A coluna Na Cultura o Centro está em Toda Parte, com o professor Martin Grossmann, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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