A coluna desta semana tem por tema a memória visual: onde e como processamos as imagens que vemos ou recordamos e seus significados para distinguir imagens de objetos ou coisas reais e recuperar memórias relacionadas a imagens. Um estudo recente identificou a importância do córtex visual primário nesse processo. Eduardo Rocha conta que nossos olhos captam as imagens obtidas, mas não armazenam nem nomeiam as memórias visuais. Essas imagens são transmitidas para o cérebro e na região cortical são processadas e dão consciência à sua forma, cores, textura e outras características. Uma pessoa que colecionou experiências visuais ao longo da vida pode, de olhos fechados, ao nomear objetos, pessoas, coisas da natureza, recordar essas imagens. Elas ficam armazenadas e catalogadas por nome numa certa relação temporal, assim como as emoções e outras sensações relacionadas a elas. Artigo publicado recentemente na revista Science, a partir de estudos experimentais com primatas, determinou que nossa memória visual fica armazenada no córtex occipital, também chamado de córtex visual primário, localizado na região posterior da cabeça.
“Há possibilidades que haja outros centros que atuam como acessórios ou de apoio, fazem interligações importantes para podermos nomear, correlacionar memórias visuais com outras lembranças, experiências vividas e que continuam desafiando a ciência quanto às suas localizações, capacidade de armazenamento e formas de interação entre a imagem vista e a memória”, detalha o colunista. “Isso tudo é relevante em situações de isquemia cerebral como derrames, traumas, que acabam prejudicando a nossa memória visual e o armazenamento e entendimento do que está acontecendo. O que sabemos é que a experiência dessas associações na natureza ocorrem muito rapidamente e, mesmo em pessoas saudáveis, às vezes falham inexplicável e enormemente. Quem nunca se deparou com uma pessoa conhecida de outros tempos ou um caminho que já tinha sido percorrido e que deveria ser imediatamente reconhecido e que naquele exato momento parece não ter deixado o menor rastro na nossa lembrança visual?”
Fique de Olho
A coluna Fique de Olho, com o professor Eduardo Rocha, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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