Já há quem acredite que a pandemia está chegando ao fim, de prefeitos e governadores ao presidente, com a liberação das cidades e dos espaços antes limitados. Trata-se de uma espécie de volta ao normal muito suspeita, principalmente porque os números, seja de contaminados ou de mortos, ainda são elevados assim como as variantes. O professor Gilson Schwartz alerta que “essa suposta volta à normalidade traz de volta a narrativa conservadora contra a ajuda aos mais pobres e aos excluídos. Aqueles que quase por um milagre tiveram acesso a um benefício”, avalia.
Nos Estados Unidos a ajuda do governo foi tão grande e importante que o número de americanos pobres deve cair em cerca de 20 milhões de pessoas, se comparado com os níveis de 2018. Uma redução extraordinária da pobreza em 45%. O gasto anual do programa quadruplicou e atingiu US$ 1 trilhão.
Conservadores brasileiros acreditam que ajudar os mais pobres representa um “estrago” no caráter porque essas pessoas não querem trabalhar. Com isso voltamos ao modelo anterior, onde a ajuda só ocorre para grandes empresas, bancos ou aqueles que já têm dinheiro rendendo nos bancos?
Nos Estados Unidos, assim como em outras partes do mundo, o debate sobre o tema esta em ascensão, já se fala em renda mínima, manutenção de benefício, bolsa família, entre outras ajudas. Os recursos do governo norte-americano também estão sendo direcionados não só para as famílias, mas para empresas, infraestrutura, ciências e tecnologias.
Mas o que vai acontecer com a política social, é o fim? Foi só uma emergência e agora volta ao velho normal de exclusão do próprio Estado? É preciso questionar.
Iconomia
A coluna Iconomia, com o professor Gilson Schwartz, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.