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As queimadas, do Amazônia ao Pantanal, passando por regiões do interior do Estado de São Paulo, sobretudo estas, são o tema escolhido pelo professor Guilherme Wisnik para esta edição de sua coluna. Ele liga essas queimadas, sobre as quais pesa a suspeita de serem ações criminosas, ao espírito bolsonarista “de fazer o elogio do fogo e combater com todos os instrumentos, incluindo as redes sociais das fake news, a preservação da natureza em nome dos ideais que eles defendem, inclusive muitas vezes associando essas queimadas ao MST e coisas assim”. O professor também usa o tema das queimadas para associá-las ao livro que escreveu e lançou em 2018, Dentro do Nevoeiro, no qual faz uma análise do mundo contemporâneo através da metáfora da névoa, o que inclui os incêndios.

Diz o colunista num trecho de seu comentário: “Depois que eu lancei o livro, veio o incêndio da Notre Dame, em Paris, veio o incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, e depois o dia da grande queimada em 2019, na Amazônia, e agora esses fenômenos pelo Brasil, seja por alteração atmosférica do Antropoceno, fenômenos de grandes secas, como o El Niño, inversões térmicas, seja pelo incêndio criminoso. E aí, o ponto é que, diferentemente da época da Guerra Fria, onde dois blocos ideológicos lutavam um contra o outro, capitalismo e o socialismo divididos por um muro, no mundo contemporâneo – e essa é a minha tese no livro – é de que o ataque pode vir a qualquer momento, de qualquer lugar não mapeado, que não se sabe muito bem de onde, então tanto o terrorismo, o terrorismo cujas ações são fractais, quanto a revolta da natureza, os tsunamis, os tornados e também as queimadas, sejam fenômenos naturais do Antropoceno, sejam criminosos, o que se ligaria ao terrorismo. O nevoeiro e a fumaça vêm crescendo sobre nós, lançando um horizonte sinistro”.

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